O brasileiro está mal acostumado
12/11/12 03:00Anualmente, o governo federal recolhe milhões de reais de contribuintes do PIS ou do PASEP que não aproveitam a cota à qual têm direito. Outra instituição que tem muitos lucros é a loteria federal que absorve diversos prêmios de ganhadores que não buscam suas recompensas por mero esquecimento.
O mesmo ocorre para os inúmeros programas de fidelidade com os quais nos deparamos atualmente, que vão desde os tradicionais planos em lojas de departamento, postos de gasolina e restaurantes, até os inovadores descontos em serviços funerários.
Estes preciosos e atraentes planos são fruto da mente dos perspicazes publicitários que inundam o mercado com suas ideias buscando extrair o máximo possível do consumidor. E a estratégia selecionada é de sucesso: o comprador adquire o produto que promete o maior retorno em benefícios intangíveis e cumulativos sem se preocupar em verificar a quantidade de pontos que está recebendo e a data de expiração.
É mais importante para o cliente saber que está acumulando uma larga quantia de pontos crendo que poderá tirar grande proveito destas vantagens futuramente do que convertê-los, de fato, em benefícios.
Um dos casos mais comuns de perda de pontos é o de empresas aéreas com suas tão estimadas milhas, obtidas a partir do consumo de passagens.
Segundo dados do Banco Central, o montante de milhas expiradas em um ano é suficiente para emitir mais de 5 milhões de passagens aéreas entre o Brasil e qualquer destino da América do Sul.
Este valor é altíssimo, já que o valor real do produto adquirido com a utilização das milhas é muito inferior ao valor gasto para obtenção destas vantagens.
Tomemos como exemplo uma passagem de ida em alta temporada para os Estados Unidos com o valor de US$2.300,00. Esta mesma passagem pode ser adquirida por 2.3000 milhas obtidas a partir do seguinte parâmetro: a cada mil dólares gastos o cliente acumula-se mil milhas com três anos de duração.
Isso significa que apenas após viajar dez vezes em três anos o consumidor poderá resgatar um benefício equivalente ao que está acostumado e na décima primeira viagem o turista provavelmente já estará com saudade de casa.
Enquanto isso, a empresa atinge diversos benefícios com estes programas, pois a estratégia elimina a comparação de preços com outros produtos através da oferta de ganhos que nem chegam a ser efetivados e ainda é capaz de fidelizar o cliente!
Os dois principais motivos para o abandono dos pontos são: a falta de controle da quantidade de programas em que se participa; e a quantidade de entraves criados pelas empresas até que se consiga obter os prêmios devidos.
Por isso, é importante que o consumidor esteja sempre atento aos planos em que é filiado, aos ganhos e às datas de expiração de cada programa, e também tente, quando possível, concentrar seus pontos em um único fornecedor. Assim será possível evitar que tantos milhões em prêmios que valem mais do que dinheiro sejam desperdiçados.