Intuição por simplificação
14/11/12 03:00Algumas vezes ficamos impressionados com a capacidade de algumas pessoas em responder prontamente a todas as perguntas que lhe fizermos. Elas parecem nunca ficar perplexas com nada e ter tudo na ponta da língua.
Ao serem indagadas de como chegaram à resposta, dizem, simplesmente, que tiveram uma “intuição”.
No entanto, é interessante notar que esse conceito de intuição não é, propriamente, um palpite qualquer que lhes vem a cabeça.
O cérebro possui alguns mecanismos quando exigido por perguntas difíceis, ele as substitui por outras mais simples.
Assim, por exemplo, se você é indagado sobre o que pensa acerca da legalização do aborto, sua tendência é pensar algo do tipo: se uma amiga minha estivesse grávida, não pudesse cuidar do filho, eu me oporia à realização de um aborto? Resolvendo essa questão mais simples, você parte para uma generalização e responde à pergunta mais complexa.
Profissionais de algumas áreas estão mais acostumados e, por isso, possuem uma “intuição” mais forte, no fundo dispõem de um grande repertório de experiências que lhes permitem observar determinados fatos, relacionar com observações passadas (questões mais simples) e, assim conseguir realizar previsões sobre o que acontecerá em seguida.
No entanto, a memória associativa pode gerar intuições subjetivas convincentes, mas, por vezes, falsas, já que tendemos a buscar relações de causalidade mesmo que, simplesmente, essas não existam. A substituição mental que realizamos nem sempre é compatível ou extensível para a realidade.
É razoável desconfiar de muita gente que sai dizendo por aí que sabia que algum evento extraordinário aconteceria, como a crise de 2008.
A pessoa só utiliza esse termo de “saber”, porque, de fato, o fenômeno ocorreu posteriormente, mas, muito provavelmente, na altura dos acontecimentos, a pessoa só teve uma intuição, evocando uma memória passada, mas não podia prová-la de forma conclusiva na época, ou seja, não tinha tanta certeza assim.
Não se nega que a intuição seja importante e que ela ajuda na formulação de muitas opiniões e de uma séria de tomada de conclusões, mas deve-se ter cuidado para não se tornar uma vítima das associações do próprio cérebro.
Post em Parceria com Giovana Carvalho, graduanda em Economia pela FGV-EESP