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Caro Dinheiro

por Samy Dana

Perfil Samy Dana é Ph.D em Business, professor da FGV e escreve no caderno Mercado

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Racionalidade social

Por Samy
15/11/12 06:00

Em um contra-ataque fulminante aos 44 minutos do segundo tempo, o atacante do time Flamengo chuta uma bomba que explode no travessão, pinga sobre a linha e em seguida é afastada pelo goleiro. Em meio a gritos e protestos, o corajoso juiz afirma: não fora gol.

Imagine dois amigos muito próximos assistindo a este jogo: Luís, torcedor fanático de carteirinha do Flamengo; e André, que não torce para nenhum time em específico, mas gosta bastante de futebol e entende bem as regras.

André, imparcialmente, apóia a decisão do juiz de que a bola não entrara. Mas será que Luís está de acordo com seu amigo e com o árbitro?

Não existe resposta certa para essa pergunta. No entanto, a chance de Luís ter concordado com a deliberação é muito pequena. É bem mais provável que ele se revolte com a decisão e dirija altos impropérios à progenitora do juiz, na crença de que a bola realmente entrou.

Refletindo, não é estranho que um lance como esse, cuja interpretação não é nada subjetiva – a bola pingou ou pra dentro, ou pra fora do gol – seja avaliado de forma tão distinta por dois amigos com conhecimento equiparável sobre o assunto?

A questão aqui é, resumidamente, que nós somos naturalmente enviesados. Toda decisão tomada, por mais objetiva que pareça, é em parte afetada por experiências em vida, personalidade e estado emocional.

Ainda que estejamos cientes desse aspecto irracional das nossas decisões, não seremos capazes de tomar decisões totalmente imparciais. Podemos amenizar o impacto do lado emocional, mas nunca anulá-lo.

Uma decorrência dessa questão é que duas pessoas diferentes nunca avaliarão um fato único da mesma forma por conta de suas percepções individuais. Dois juízes podem, por exemplo, ouvir o mesmo testemunho de um acusado e emitirem vereditos opostos – e nenhum deles está certo ou errado.

Esta subjetividade naturalmente humana torna impossível a definição do que é socialmente certo e errado, posto que estes julgamentos se dão individualmente. O certo para uma sociedade se resume a algo que a maioria dos indivíduos subjetivamente – e até mesmo irracionalmente – acredita ser correto.

Desta forma, concluímos que a racionalidade social é, em verdade, irracional; “subjetividade coletiva” seria provavelmente um nome mais adequado.

Essa conclusão poderia explicar eventos como crises econômicas ou bolhas (como a imobiliária), nas quais grandes massas de pessoas agem de forma conjunta e irracional, formando um ciclo vicioso: o mercado reage positivamente ao otimismo exagerado dos investidores, mais investidores são atraídos ao mercado, estes investidores passam também a alimentar o otimismo geral, e assim segue-se até que a bolha estoure (e todos passem a culpar o governo, os imigrantes ilegais e a China pela crise).

Ao julgarmos que “todas estas pessoas não podem estar erradas juntas”, estamos incoscientemente assumindo que a racionalidade social existe e que uma crença compartilhada por tamanho número de indivíduos com certeza é correta, e acabamos nos juntando à irracionalidade geral.

Por outro lado, ao termos em mente que pessoas são subjetivas e que seu julgamento coletivo é igualmente passível de viés, estaremos em posição de avaliar se realmente devemos crer no que acreditam os demais.

E deveríamos pensar se o mercado é tão eficiente, no que tange à alocação de recursos, como se costuma pregar…

Post com colaboração de Otávio Oliveira que é graduando em Administração de Empresas pela EAESP e Consultor da CJE-FGV.

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