Poupar sem estratégia é abdicar da vida
18/12/12 08:00Semana passada, o Wall Street Journal (WSJ) publicou uma matéria mostrando a importância do tempo e o poder dos juros nos rendimentos das nossas poupanças. Para isso ele comparou duas situações: um jovem iniciando um poupança aos 25 anos e um adulto iniciando uma poupança ao 45 anos, como vemos pelo quadro a seguir.
O jovem, apesar de depositar metade do valor do adulto por mês, o faz pelo dobro do tempo, dessa forma, ambos poupam a mesma quantia de R$24.000. O gráfico abaixo está alinhado com uma das frases mais célebres do Einstein: “Os juros compostos são a força mais poderosa do universo”.
Interessante notar que o jovem consegue praticamente o dobro em rendimentos do que o adulto poupando a mesma quantidade total de R$ 24.000. Isso se deve principalmente, aos juros que ele obtém, já que no primeiro caso incide sobre 40 anos e no segundo sobre 20 anos.
Vale uma reflexão que não foi feita pelo WSJ. Imagine que o jovem ganhe R$ 1.000 por mês, e portanto os R$ 50 que ele poupa representam 5% de sua renda. Este jovem deve abdicar muitas coisas da vida para ter que guardar esse 5% da sua renda todo mês.
Para o adulto, vamos supor um salário 4x maior, é provável que dos 25 para os 45 anos uma pessoa consiga aumentar o seu salário nessa proporção, neste caso, de R$ 1.000 para R$ 4.000.
Sendo assim, esses R$ 100 poupados significam apenas 2,5% da renda desse adulto, ou seja, ele tem que abdicar bem de outras coisas do que o jovem que começou a poupar no auge da vida adulta aos 25.
Dessa forma, vamos fazer um ajuste que o WSJ não fez. A simulação a seguir considera que o adulto poupa a mesma proporção do que o jovem, ou seja, 5% da renda. Neste caso então, o adulto começaria a poupar 200 reais a partir dos 45 anos (5% de sua renda) e vemos o seguinte resultado:
O adulto apesar de começar a poupar mais tarde, consegue um montante maior ao final do período. Por incrível que pareça, poupar quando se é jovem nem sempre é uma boa estratégia, pois você irá poupar pouco (dado que ganha pouco) e para isso deve abrir mão de muito. Sem contar o fato de que é mais custoso poupar 5% com uma renda de R$ 1.000 do que com uma renda de R$ 4.000.
Antes de fazer uma estratégia de poupança, é fundamental se indagar se a renúncia do consumo no presente vale o prazer do consumo futuro que incorpora juros. Em muitos casos, mais vale começar a poupar mais tarde quando se tem um salário maior e, portanto, isso significa menos renuncias na vida!
Post em parceria com Daniel de Lima e Leonardo de Siqueira Lima , graduandos pela EESP-FGV.