Crédito Habitacional resulta em aumento do nível de preços
19/12/12 03:00Muito temos comentado nessa coluna acerca dos imóveis, da especulação sobre eles, da eventual existência de uma bolha. Citamos, recentemente, a presença de uma pressão por parte dos compradores anteriores para a elevação contínua de seu preço.
Estudos recentes, no entanto, apontam para a existência de outro fator que contribui para a elevação dos preços: a facilidade de acesso a crédito habitacional.
O governo brasileiro tem promovido fortes incentivos ao setor através de investimentos por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, associados a uma política monetária expansionista.
Assim, a participação do crédito habitacional sobre o montante dos empréstimos totais tem crescido, chegando a 24,6% em outubro. Embora tal percentual seja ainda inferior ao crédito pessoal (25,9%), ele é expressivo e tende a tornar-se o mais relevante, segundo projeção da Serasa Experian.
Até outubro de 2012, um montante de R$66,2 bilhões foi emprestado sob a forma de crédito imobiliário.
Para explicitar o aumento de preços que decorre dessa expansão do crédito imobiliário, fazemos uso do índice Fipe-Zap, que releva aumento no nível de preços de 1,1% em outubro e 1,2% em novembro, em São Paulo.
Não questionamos aqui o volume de créditos concedidos no Brasil. Em países mais desenvolvidos, o percentual de empréstimos relativos ao PIB é ainda maior. Questionamos, aqui, suas finalidades.
Sabe-se que, quando os créditos são voltados muito mais ao consumo do que a investimentos produtivos, o resultado é inflação alta e crescimento pífio, como observado no Brasil em 2011 e neste ano.
Post em Parceria com Giovana Carvalho, graduanda em Economia pela FGV-EESP