O que esperar do Brasil em 2013?
27/12/12 07:52Ao se aproximar o final do ano, sempre refletimos sobre o que conquistamos e o que poderia ser conquistar no ano seguinte, assim todos traçam metas para o ano vindouro. Diante disso, esse é um momento oportuno para fazermos uma reflexão nesta última edição de 2012 que contará com um balanço do ano e expectativas para 2013.
2012, um ano marcado por intervenções…
O governo começou o ano otimista, esperando um crescimento de 4,5% ao final do ano. O ministro da fazenda Guido Mantega chamou de piada a previsão feita pelo banco Credit Suisse de um crescimento de 1,5% em 2012. Mas, como publicado em outra edição, essa piada se tornou realidade.
Conforme o ano foi passando, o Governo viu a economia ficar estagnada e começou a fazer uso de diversas medidas para tentar recuperar o crescimento.
Com isso, vimos que o ano de 2012 foi marcado por fortes intervenções do governo, algumas delas vistas com bons olhos pelo mercado e outras nem tanto…
Houve a desoneração da folha de pagamento de diversos setores, a redução de impostos, a queda da taxa Selic na sua mínima histórica e a redução dos spreads bancários …
Por outro lado, os brasileiros assistiram a mudança no marco regulatório das companhias elétricas, o controle forçado do preço da gasolina… Além é claro da redução do IPI e da expansão de crédito no país.
Apesar de todas essas medidas do governo, a economia, sobretudo a indústria, não conseguiu se recuperar como o governo esperava. Isso se deve basicamente por um motivo: o excesso de endividamento das famílias.
Por esse motivo, pode-se dizer que essas medidas em prol do consumo não surtem mais aqueles efeitos vistos em 2008. Como agravante, o fraco desempenho da Europa, Estados Unidos e China contribuíram para essa fraca recuperação.
Até no câmbio o governo interviu a fim de ajudar os exportadores, quando o Banco Central agiu ativamente no mercado para manter a taxa de câmbio a 2,10. Dessa maneira, o governo vem fazendo uso de todos os artifícios possíveis para realavancar a economia, mas parece que o Credit Suisse, e não o ministro Guido Mantega, estava certo.
Ao final do ano, O Brasil amargou um crescimento pífio, de aproximadamente 1,0%, a Selic na mínima história em 7,25%, com uma a inflação medida pelo IPCA em 5,5% e a uma taxa de câmbio a 2,05.
Isso mostra que o ano de 2012 foi muito pior do que todos esperavam e o cenário pessimista se concretizou. Apesar disso, se comparado com a zona do Euro e com os Estados Unidos, o Brasil está relativamente bem, e com uma vantagem em relação a outros países: o mercado interno brasileiro é bastante forte que favorece a recuperação em momentos de acentuadas crises.
Dessa forma, em 2013, para o Brasil voltar a crescer de verdade vai ter que mudar as suas estratégias e não apenas ser um mero apagador de incêndios.
O que esperar do Brasil e do mundo em 2013?
PIB.
Para 2013 podemos esperar uma indústria e uma economia mais aquecida crescendo na casa dos 3,5%, não devido a essas medidas do governo, que já se mostraram ineficientes, mas devido a melhora do cenário econômico internacional com a retomada do crescimento da China, na casa dos 8%, e sobretudo com a recuperação da zona do euro.
Taxa de Câmbio.
O crescimento do Brasil acima da Europa e Estados Unidos somado a grandes eventos como copa e olimpíadas fará com que a taxa de câmbio do Brasil tenda a se apreciar ao longo de 2013. No entanto, o governo vem sinalizando fortemente o seu desejo de manter o câmbio em 2,10, taxa que é compatível com uma indústria exportadora competitiva e que ao mesmo tempo não pressiona a inflação para os bens que são exportados, e para isso prevemos que o Banco Central venha a intervir constantemente a fim de manter a moeda nacional a esse nível.
Inflação.
Para os possíveis problemas, o Brasil deve atentar para não perder a tão suada credibilidade do Banco Central e continuar a manter a inflação sobre controle, próximo do centro da meta e não do teto de 6,5% como o governo vem fazendo. A expectativa de inflação para 2013 é de 5,5% aproximadamente, um sinal de que o governo deve se manter atento a isso, com a economia se aquecendo novamente, é provável que ocorra uma pressão no índice de preços.
Selic.
Com esse cenário de fraco crescimento ainda nesse final de ano, e a inflação abaixo do teto (que agora o mercado vê como a nova meta), há espaço para que se reduza ainda mais a taxa de juros no país no início do primeiro semestre.
Já para o segundo semestre; com a economia do Brasil e do mundo mais aquecida, o governo deve atentar para o controle da inflação e tende a aumentar novamente os juros, dessa maneira, espera-se que os juros se mantenham na casa dos 7,5%.
Zona do Euro.
No cenário Europeu, esperamos que os países mais endividados, Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os chamados PIIGS, continuem com suas políticas austeras para controlar o endividamento e retomar a credibilidade do Euro. Só assim irão conseguir de financiar a taxas de juros menores.
São justamente essas políticas austeras que podem fazer a população ir às ruas e protestar contra essas medidas. Como o pior já passou, acreditamos que a zona do euro recupere o crescimento ainda que lento, uma vez que os governos estão contendo os gastos a fim de reduzir a sua dívida. Estados Unidos. Com a não eleição de Mitt Romney a classe baixa e a classe média, podem ter mais esperanças. O presidente Barack Obama continuará os gastos com o MedCare e a incentivar a economia e procurará aumentar os impostos mais ricos em direção a reduzir a desigualdade do país. Dessa forma, a economia americana se recuperando ao longo de 2013 ainda dos efeitos da crise de 2008 e da crise da zona do euro.
O Brasil pode chegar lá apesar dele mesmo …
Sendo assim, o Brasil, apesar dele mesmo, tem tudo para dar certo… Nossas empresas estão ganhando força pelo mundo a fora, temos a JBS que é a maior empresa de alimentos do mundo. A Vale que é uma gigante no setor de mineração. A Odebrecht que é um grande braço no setor de construção civil.
Para isso, é fundamental focar em alguns pontos. Controle da inflação no centro da meta, a fim de não trazer o temido e adormecido dragão de volta. Investimento com 25% do PIB e não os atuais 19%, nossos. Os nossos vizinhos Peru investe 30%, Colômbia e o Chile 27%, não por acaso eles vão crescer aproximadamente 4 vezes mais que o Brasil em 2013.
Por fim o país deve investir em educação, a história mostra que só países com elevadas taxas de investimentos, sobretudo em educação, conseguiram crescer de maneira sustentável e se tornaram países desenvolvidos.
Este artigo tem parceria com Leonardo de Siqueira Lima e Daniel de Lima, graduandos em Economia pela FGV-EESP, e foi publicado no jornal Perfil Economico.