Mundo Econômico - 13 de Janeiro
13/01/13 07:00Panorama Mundo
Após o acordo (simples, mas real) sobre o fiscal cliff* nos Estados Unidos, a segunda semana de janeiro teve movimentações laterais nas bolsas internacionais.
É nesse período em que os balanços empresariais do 4º trimestre de 2012 são divulgados. Os investidores esperam os resultados para começarem a traçar seus cenários para 2013. Além disso, ainda há questões fiscais norte-americanas (como o aumento do teto da dívida) que elevam a cautela do mercado.
No mais, a semana teve alguns acontecimentos importantes. No âmbito internacional, houve flexibilização das regras do acordo de Basileia III na segunda-feira – agora mais ativos serão aceitos como capital próprio.
Na Europa, o desemprego europeu aumentou novamente para 11,8% , segundo dado de novembro a Alemanha apresentou queda, maior que prevista, nas exportações de -3,4%.
Enquanto isso a China teve crescimento de 14,6% nas exportações e 6% nas importações em dezembro. Os dados foram acima do esperado. No entanto, o país também teve uma inflação alta de 2,5% em dezembro, o que desanimou os mercados na sexta-feira.
Ainda na Ásia, o Japão iniciou as medidas prometidas pelo novo primeiro-ministro e anunciou um programa de estímulo fiscal de US$ 116 bilhões.
Por fim, o déficit comercial norte-americano caiu em novembro, chegando a US$48,7 bilhões.
Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa apresentou maior volatilidade e fechou a semana com queda de 1,64%. Eventos externos somados aos internos impediram que as altas de quarta e quinta-feira recuperassem o índice.
Houve aumento na inadimplência de 15% em comparação com 2011 e queda no emprego industrial e na confiança da construção civil. Além disso, houve os temores em relação ao possível racionamento de energia.
Enquanto isso, o dólar foi se valorizando vagarosamente até chegar ao patamar de R$2,0296. O acordo sobre o fiscal cliff e a maior preocupação do Bacen com a inflação foram os responsáveis.
Os juros se mantiveram praticamente estáveis, precificando uma manutenção da taxa SELIC de 7,25% na próxima reunião do Copom.
No entanto, a inflação continua a subir. Nessa semana, foi divulgado o IPCA de dezembro: aumento mensal de 0,79%, valor alto e acima do esperado. A inflação do ano de 2012 veio em 5,84% bem acima da meta de 4,5%, mas dentro da banda de aceitação.
O mercado não viu com bons olhos o dado que foi agravado com um IGP-DI anual de 8,1%, acima dos 5% de 2011. Com menos alternativas ao combate à inflação, pois as tarifas de energia elétrica foram reduzidas e os IPIs também, a preocupação com o dragão da inflação volta ao cenário brasileiro.
Expectativas da Semana
Na próxima semana, os mercados devem continuar cautelosos, esperando alguma indicação concreta para o cenário econômico desse ano. Porém, isso é improvável que ocorra tão cedo.
As bolsas continuarão andando lateralmente, só variando mais quando os dados que forem divulgados vierem muito aquém ou além do esperado. Vale chamar sua atenção para o dado de produção industrial norte-americana que sai na quarta-feira,
Enquanto isso, o câmbio deve se manter praticamente estável com leves valorizações do dólar. O mercado deve continuar testando, vagarosamente, a banda informal do Banco Central.
Destaque para a Reunião do Copom da quarta feira em que. não devem haver mudanças na taxa básica de juros. A ata que acompanha a decisão ditará se o Bacen focará no combate à inflação ou continuará com o discurso de convergência não-linear para a meta.
A CJE-FGV espera que a ata dê pequenas indicações de maior combate à inflação. Porém, o discurso deve continuar sendo de manutenção dos juros até o fim do ano. Além disso, a ata deve transparecer que haverá o uso de medidas macroprudenciais, como o câmbio e os compulsórios, para combater a inflação.
*Dicionário Economês-Português
Fiscal cliff (abismo fiscal) – Aumento de impostos e corte de gastos governamentais automáticos previstos para ocorrerem no início de 2013 nos EUA. Se realmente ocorrer, o país pode entrar em outra recessão.
Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.