Manobras nas contas públicas
26/01/13 08:00O governo brasileiro vem sendo atacado de diversas formas nas últimas semanas, seja pela imprensa local, seja por mídias internacionais do mais alto impacto, como o Financial Times e a The Economist.
Questionam-se e criticam-se, em tais publicações, os artifícios utilizados pela equipe econômica do governo para fechar as contas públicas, manter a inflação controlada e afins. Mas como seriam essas jogadas?
No que tange, por exemplo, ao atingimento do superávit primário, o governo admitiu que tal feito só foi possível através da omissão de alguns gastos com infraestrutura, antecipação de dividendos de estatais e ataques ao fundo soberano.
Com relação à inflação, a The Economist, analisa que, caso o governo não tivesse contido os preços da gasolina, à revelia da rentabilidade da Petrobras e contido o aumento do preço de transporte público, ela não teria se aproximado de 6,5%, o limite máximo das metas que vigoram no país – preocupante perto do desastroso PI B de 1%.
O recém-empossado prefeito de São Paulo já revelou que Guido Mantega o pediu para não elevar o preço do transporte público na cidade, com o objetivo de conter a inflação.
Vale lembrar que esses meandros não são novidade no Brasil. Em 2010, por exemplo, o governo utilizou de uma troca de títulos entre o Tesouro e a Petrobras, e adicionou 0,9% do PIB ao superávit.
Com esses disfarces e manipulações, o governo brasileiro vai perdendo reputação e credibilidade, aproximando-se de um país vizinho, a Argentina, cujos dados oficiais possuem credibilidade de um sambista austríaco.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo, que tanto agregou em relação a probidade dos governos no Brasil, por exemplo, já começa a ter sua força questionada.
Discussões como a revisão da meta de superávit primário ganham espaço, nesse contexto, uma vez que tal mudança seria muito mais benéfica para o país do que o usufruto de uma contabilidade criativa.
É preciso uma vida inteira para se construir uma sólida reputação. Por outro lado, para destruí-la basta um momento
Post em Parceria com Giovana Carvalho, graduanda em Economia pela FGV-EESP