Mundo Econômico - 27 de janeiro
27/01/13 07:00Panorama Mundo
A semana passada foi de alta para as bolsas internacionais. Com o acordo norte-americano sobre o teto de sua dívida* e alguns bons indicadores, as bolsas subiram consistentemente.
O congresso americano chegou a um acordo para aumentar o teto de sua dívida* pelo período de três meses. A ideia é que o orçamento possa ser votado antes que haja cortes indesejados nos gastos do governo.
Ainda nos Estados Unidos, os preços dos imóveis apresentaram alta, o que indica sinais de recuperação, e os pedidos de auxílio-desemprego vieram abaixo do esperado.
Quanto à temporada de divulgação de resultados empresariais, a Apple apresentou números decepcionantes e perdeu o posto de companhia mais valiosa do mundo. No entanto, os resultados são positivos no agregado.
Na Europa, líderes da União Europeia aprovaram novos impostos sobre transações financeiras, o que afetou negativamente o mercado. Em contrapartida, índices de confiança vieram acima do esperado, especialmente, na Alemanha.
Na China, o PMI* preliminar foi de 51,9, valor mais alto desde janeiro de 2011. O número indica aceleração na recuperação chinesa.
Panorama Brasil
No Brasil, apesar de boas notícias advindas dos EUA e da China, o Ibovespa fechou a semana com queda de 1,27%.
O grande vilão desse desempenho ruim foi o feriado de sexta-feira. Com o aniversário da Cidade de São Paulo a caminho, os investidores ficaram temorosos de que dados ruins pudessem ser divulgados na sexta-feira e reduziram suas posições na bolsa.
No ambiente nacional, destaque para os preços. Com o IPC-S acelerando para 1,03% na terceira quadrissemana de janeiro e o IPCA-15 subindo para 0,88% em janeiro, ante 0,69% em dezembro, as preocupações com a inflação aumentaram.
Aliviando as tensões sobre os preços, a presidente Dilma anunciou que haverá redução de 18%, para residências, e de 32%, para indústrias, agricultura, comércio e serviços, na conta de energia elétrica.
Diante de todo esse cenário, a ata do Copom foi divulgada dando claros sinais de que o Banco Central possui maiores preocupações com a inflação. O BACEN afirmou que o cenário de preços piorou e que futuras decisões para a política monetária “serão tomadas com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas”.
A inflação também afetou o câmbio. Com a ata do Copom, o mercado começou a acreditar que o BC usaria o câmbio como forma de reduzir a inflação e atuou de forma a apreciar o real. O dólar caiu de R$2,043 para R$2,028 nessa sexta-feira.
Expectativas da Semana
As bolsas internacionais parecem já ter ditado o ritmo para as próximas semanas. As movimentações diárias devem ser pequenas até que o mercado descubra o verdadeiro caminho da economia mundial em 2013.
A vantagem é que os dados estão vindo ligeiramente positivos e a tendência, mesmo que leve, deve ser de alta no médio prazo.
Enquanto isso, o Brasil deve continuar em sua batalha para estimular o crescimento econômico e domar a inflação. Mesmo com a desaceleração dos preços de commodities agrícolas, o IPCA só deve parar de acelerar no fim de fevereiro. Além disso, se nada for feito, ele pode se manter em patamares elevados e ameaçar romper o teto da meta de 6,5%.
Para a próxima semana, as expectativas de inflação devem aumentar. Além disso, com a nova postura do Banco Central, a curva de juros deve aumentar nas maturidades médias, retirando qualquer probabilidade de corte na taxa SELIC que estava precificada.
Quanto ao câmbio, próxima semana pode prometer uma maior volatilidade, pois há o vencimento de contratos de swap cambial do Banco Central. Esses contratos tem o efeito de valorização do real. Se não forem rolados, o mercado entenderá que o BC não usará o câmbio como ferramenta no combate a inflação e o dólar deve se valorizar.
*Dicionário Economês-Português
Teto da dívida norte-americana – Nos Estados Unidos, há um limite para o tamanho da dívida pública. Esse limite, ou teto, é definido pelo Congresso. Se a dívida chega nesse patamar, o governo é obrigado a cortar gastos. Até a semana passada, os EUA se aproximavam de superar tal barreira, mas o Congresso votou por uma elevação temporária da mesma.
PMI – O Purchasing Managers Index, ou “Índice dos Gestores de Compras”, é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.
Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.