Insistência do governo no consumo implica em preços altos e déficit primário
30/01/13 07:00Ou “Já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada…”
Não é fácil entender como as mais diversas variáveis macroeconômicas se conjugam, ainda mais na situação atual brasileira, que é nebulosa até mesmo para os já iniciados.
Mais complicado ainda é entender como um país que segue metas inflacionárias e diz ter uma economia estável apresenta altas e indesejáveis taxas de inflação.
Acontece que o governo vem mantendo a mesma política de incentivos desde a crise de 2008, sem se dar conta da mudança dos cenários nacional e internacional.
No momento mais grave da crise, os elevados índices de desemprego, de fato, incorreram em níveis de demanda mais baixos e incentivos a ela eram realmente eficazes.
No entanto, o governo parece ignorar que essas medidas perderam o efeito após 2010 – quando tivemos o último “pibão” (apesar de ter uma base pequena em 2009).
Cada vez que o governo estimulava o consumo, o milagroso remédio se tornava um veneno que encarecia a mão-de-obra , refletindo um aumento de preços.
Esse aumento provocou um serviços com honorários pela hora da morte, combinados com uma indústria não competitiva e obsoleta.
Esse fenômeno ocorre porque os serviços são bens não transacionáveis, ou seja, não podem ser substituídos pelos oferecidos no exterior, ou até mesmo em outros estados. Já os bens industrializados, podem ser facilmente substituídos por bens importados, mais baratos e talvez de maior qualidade.
Com essa medidas, a indústria nacional amarga as políticas de incentivo do governo brasileiro e perde a competitividade frente às concorrentes. Quanto aos serviços, quem paga a conta é o trabalhador.
O alicerce do plano real, que é o tripé econômico do câmbio flutuante, das meta de inflação e da responsabilidade fiscal, está comprometido. Este ano, por exemplo, o superávit primário é uma missão impossível.
Que a economia brasileira precisa se reajustar, disso não restam dúvidas. Parece, contudo, que o governo a tem medicado de forma equivocada, sem se dar conta de que os tempos mudaram.
Post em Parceria com Giovana Carvalho, graduanda em Economia pela FGV-EESP