Seleção adversa prejudica preços dos planos de saúde
11/02/13 07:00Quando o assunto é saúde, não leva muito tempo para que a cabeça comece a doer, as rugas, a aparecer; e os cabelos, a cair ou a mudar de cor – a qualidade e os custos dos serviços oferecidos provocam taquicardia até nos mais saudáveis.
No Brasil, o cidadão acometido por doenças tem de escolher entre duas opções muito pouco amistosas: um sistema público completamente lento, débil e incapaz de acolher a maior parte da população ou um sistema privado com preços de convênios médicos e consultórios particulares que chegam a dar calafrio.
É evidente que, na maioria das vezes, a escolha de contratar um convênio ou ficar exposto, em berço nem sempre esplêndido, ao sistema público está relacionada com a capacidade financeira do indivíduo.
No entanto, os que podem arcar com um serviço privado, mesmo após a escolha dda empresa prestadora do serviço, deparam-se, dentro do mesmo plano de saúde, com uma grande gama de classes distintas que, por sua vez, possuem grandes diferenças de preços.
De forma geral, a escolha da classe dentro do plano é uma combinação de capacidade financeira, aversão ao risco e propensão ao uso dos serviços prestados. Essa última variável, propensão ao uso, é muito curiosa do ponto de vista comportamental. As pessoas tendem a escolher uma classe dentro do plano de saúde conforme sua expectativa de gastos. Se opto por um plano de mil reais, é porque espero que as despesas com minha saúde superem esse valor. Assim, ao fixar o preço mensal de um plano em mil reais, a seguradora acaba atraindo clientes que estão propensos a gastar mais do que isso. A empresa, ao perceber que seus custos não fecham, aumenta o valor para,digamos, R$ 1.200,00 ao mês. Ao fazer isso, os clientes que gastam menos podem migrar para outra classe e os que ficam tendem a gastar mais que esse valor.
Para prevenirem-se, seguradoras do mundo inteiro adotaram o sistema de planos fechados empresariais, nos quais o risco é reduzido graças à maior diversificação dos perfis de usuário. Normalmente, os funcionários recebem esse beneficio e acabam não sendo afetados pela propensão ao gasto gerada pela pluralidade de serviços oferecidos em determinado plano.
No final, apesar dessa solução ser boa para as seguradoras, acaba em muitos casos sendo ruim para os clientes, que passam a ter de utilizar um serviço que em muito pouco atende a suas necessidades específicas. Muitas vezes, a seguradora deixa seus clientes na mão por não cobrir determinados custos, até mesmo os ambulatoriais.
Por isso, é melhor se prevenir no carnaval, pois o custo para curar até mesmo uma simples ressaca pode se tornar maior do que parece.