Saiba como garantir a rentabilidade de alguns títulos do Tesouro
01/03/13 10:36Muitos investidores não sabem que a taxa de compra de um título só será realizada se todos os pagamentos intermediários forem reinvestidos pela taxa inicialmente contratada. Para isso, o Tesouro Direto abre esta possibilidade aos investidores por meio do programa de reinvestimento.
Lembrando que caso o investidor não queira realizar o reinvestimento, os juros pagos pelos cupons cairão ou no saldo dele em sua corretora ou em sua conta no banco. Neste caso, ele auferirá um retorno inferior ao contratado no ato da compra.
Com esta funcionalidade é possível programar, por meio de seu agente integrado de investimentos, para reinvestir os juros recebidos dos cupons semestrais dos títulos. Entretanto, só vale nos títulos do governo que pagam cupom, ou seja, as NTN-Fs e NTN-Bs.
Para tanto, verifique se sua corretora oferece esta opção. Em caso afirmativo, basta abrir a página ou programa de investimentos que ela oferece e entrar na área de reinvestimentos. Selecione então, dentre os títulos que pagam cupons, NTN-F ou a NTN-B, a opção de reinvestimentos.
Vale destacar que os cupons podem ser reinvestidos no mesmo título ou em títulos diferentes. A partir disto, sua corretora passará a realizar a operação automaticamente.
Para ilustrar melhor, será utilizado dois exemplos (cenários). No primeiro, será feito o cálculo do valor líquido final de uma NTN-F quando se resgata os cupons do título. No segundo caso, haverá, também, o cálculo do valor líquido final, mas, desta vez, supondo que o investidor faça o reinvestimento normalmente dos cupons neste mesmo título.
- Cenário A: Sem Reinvestimento
Neste exemplo, suponha que o investidor tenha feito o resgate de todos os cupons pagos pela NTN-F, ou seja, não realizou os reinvestimentos. O fluxo de caixa da NTN-F deixa de ser então representado por várias entradas de caixa e passa a ter somente uma. Abaixo segue uma ilustração quando isto ocorre:
Ou seja, assim como o indicado pelo fluxo de caixa, houve, na teoria, um único pagamento.
Para ilustrar, foi utilizado o mesmo exemplo de título da série NTN-F. Para quem não recorda, o preço de compra do título foi de R$ 1.033,65. Considerando apenas o pagamento líquido final, o investidor recebe no vencimento o valor de R$ 1.037,28.
Este valor de R$ 1.037,28 representa a soma do valor nominal da NTN-F (R$ 1.000,00) com o cupom final líquido, no valor de R$ 37,28.
Realizando o cálculo da rentabilidade líquida, encontra-se uma taxa de 0,03% ao ano (caso não lembre como calcular, clique aqui).
Verifica-se, portanto, que não realizar o reinvestimento parece ser o mesmo que acabar nem investindo neste títulos, já que a taxa é de apenas 0,03% ao ano.
- Cenário B: Com Reinvestimento
Neste cenário, considerando que todos os cupons semestrais sejam reinvestidos no mesmo título, tem-se a rentabilidade completa do título (taxa contratada).
Diferentemente do fluxo de caixa apresentado no cenário A, agora o fluxo apresenta as entradas de caixa normalmente. Segue ilustração abaixo:
Os Total Investido representa a saída de caixa, ou seja, a quantia que o investidor utilizou comprando o título. As setas intermediárias indicam as entradas de cupons que foram reinvestidos. Já a seta marcada por “Valor a ser resgatado” representa a entrada do último cupom somado ao valor nominal do título.
De acordo com os dados já apresentados, o valor final líquido passa a ser de R$ 1.786,61. Realizando os cálculos, encontra-se uma rentabilidade líquida de 7,45% ao ano, ou seja, uma diferença de mais de 7% em relação a rentabilidade apresentada no cenario A – sem considerar os reinvestimentos.
Em resumo, para que a taxa acordada na compra (TIR) seja realizada é fundamental que todos os fluxos sejam reinvestidos pela taxa inicial. Segue exemplo:
A taxa de compra do título utilizado aqui era de 9,87%. Esses 9,87% devem ser entendidos como uma TIR. Eles só vão se realizar caso todos os fluxos intermediários, cupons, sejam reinvestidos a essa taxa. Caso queira entender melhor este conceito de TIR, acesse este artigo.
A partir deste conceito da TIR, o investidor pode encontrar três possibilidades dentro do reinvestimento. São elas:
- Os cupons são reinvestidos a 9,87% e o investidor consegue manter a TIR.
- O investidor reinveste a outra taxa. Caso reinvista a uma taxa menor que 9,87%, ficará com uma TIR menor que a contratada na compra, ou seja, ganho menor que 9,87%
- Entretanto, caso reinvista a uma taxa maior, auferirá um ganho maior que 9,87%.
Por meio desta planilha o investidor conseguirá entender melhor o funcionamento do reinvestimento. Nela estão expressos exemplos de utilizações da TIR.
Cabe portanto, ao investidor, identificar suas necessidades, verificando se realmente é mais vantajoso a ele estar resgatando os cupons pagos pelo título. Entretanto, vale lembrar que com o valor dos cupons pode-se comprar outros títulos do Tesouro, o que pode acabar sendo mais vantajoso. Para isto, deve-se estar atento as taxas oferecidas e as expectativas do investidor sobre o mercado.
Artigo em parceria com Miguel Longuini, graduando em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e Diretor Administrativo/Financeiro da CJE-FGV.