A má educação brasileira do IDH
22/03/13 18:00Como em outro ano qualquer, a ONU divulgou relatório em que apresenta os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ao redor do mundo. O Brasil manteve a posição do ranking anterior, ou seja, 85º lugar, registrando 0,730 de IDH.
Apesar da colocação não ser animadora, deve-se ter em mente que, em 1990, amargávamos um IDH de apenas 0,590. A figura a seguir mostra a evolução do índice com o tempo:
Evolução do IDH brasileiro (Fonte: UOL)
Apesar do salto, quando comparado a 1990, é preciso ponderar que, desde 2010, tivemos uma tímida e quase imperceptível melhora do IDH. Ainda que o índice reporte nossa situação histórica e nos compare com os demais países, a notícia passou despercebida a milhões de brasileiros.
O 85º lugar não é dos mais honrosos. Estamos atrás de nossos vizinhos chilenos, argentinos e uruguaios que ocupam, respectivamente, o 40º, o 45º e o 51º lugares. Também estamos piores que países como Cuba (59º), Líbia (64º) e Irã (76º).
Fonte: UOL
O fato é que o país carece de esforços brutais em educação e saúde de qualidade. Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que a média de anos de escolaridade do país é de 7,2 anos, conforme mostra a tabela a seguir. Esse número está estagnado desde 2011, além de ser o menor da América Latina, posição não muito honrosa que dividimos com o pequeno Suriname.
A despeito do resultado pífio na educação, a ONU elogia governantes brasileiros pela criação e esforços no programa bolsa família.
É interessante notar que o problema não é prioritariamente orçamentário, uma vez que o orçamento para a educação é de R$28 bilhões de reais (orçamento de 2013). Uma gestão que se preocupe com a eficiência do dinheiro gasto e com a qualidade do ensino se mostra imprescindível. Vale dizer que países com recursos muito menores aos brasileiros conseguem obter melhores índices de educação.
O intuito do artigo não é apresentar um panorama socio-econômico brasileiro, muito menos as soluções para seus problemas, mas provocar essa discussão. Se a mídia e a opinião pública gastassem mais tempo e esforços para, então, construir um diálogo mais elaborado, o país ganharia muito.
Artigo em parceria com Miguel Longuini, graduando em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e Diretor Administrativo/Financeiro da CJE-FGV e Patrick Coelho, graduando em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e Consultor da CJE-FGV.