Mundo Econômico - 25 de Março
25/03/13 00:00A semana foi de queda para as principais bolsas mundiais. Principalmente na Europa, as incertezas levaram ao desempenho ruim dos índices acionários.
O principal evento da semana foi a crise bancária de um pequeno país chamado Chipre. O país possui um setor bancário com total de ativos com valor acima de sete vezes o seu PIB.
Como o Chipre é membro da zona do euro e não possui banco central próprio, as reservas bancárias no país não são 100% garantidas. Assim, seria necessário um plano de resgate europeu ao país para impedir que o setor financeiro colapsasse.
A proposta da zona do euro foi um plano de €10 bilhões, onde uma parte seria captada através de impostos sobre as próprias contas correntes no Chipre. Temerosos de que isso pudesse ocorrer com outros países da região, os investidores perderam parte de sua confiança.
No entanto, o governo cipriota rejeitou a proposta e apresentou no fim da semana um plano B para a União Europeia. O plano não inclui essa taxação de depósitos e procura captar parte do dinheiro necessário ao plano de resgate de forma alternativa.
Enquanto isso, o PMI* da zona do euro apresentou valores abaixo do esperado, o que piorou o humor dos investidores da região.
Nos EUA, a reunião do FOMC* nada alterou a política monetária do país e os dados econômicos não apresentaram surpresas.
Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa teve outra semana de queda. A variação para o período foi de -2,86%. Os motivos foram o mau desempenho das principais empresas do país e o pessimismo externo.
No cenário interno, o centro das atenções foi a inflação. O IPC-S apresentou aceleração segunda quadrissemana de março, saindo de 0,52% na primeira semana do mês para 0,63%.
O IGP-M, no entanto, desacelerou na segunda prévia de março, a alta foi de 0,24%, menor que a de 0,34% no mesmo período de fevereiro.
O IPC-Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, apresentou deflação de 0,11% na segunda quadrissemana de março.
Por fim, o protagonista, IPCA-15, apresentou alta de 0,49% em março, um pouco abaixo das expectativas, mas em um patamar perigosamente alto. A inflação acumulada no ano é de 2,06% e a em 12 meses, 6,43%.
Com esse resultado do IPCA-15, as taxas de juros apresentaram leve queda, com a ideia de que o Copom pode não aumentar os juros na próxima reunião.
Quanto ao câmbio, o dólar apresentou valorização superando o patamar de R$2,00. A moeda norte-americana fechou a sexta-feira em R$2,011 para a venda. Só não houve maiores valorizações, pois Alexandre Tombini declarou que o BC pode intervir para reduzir a volatilidade do câmbio.
Expectativas da Semana
A próxima semana promete ser de volatilidade nos mercados acionários. A resolução ou o fracasso do Chipre podem ocorrer a qualquer momento.
No Brasil, em especial, a volatilidade pode ser maior. Mesmo com a semana encurtada pelo feriado, serão lançados 40 balanços empresariais, entre eles, o da OGX e da LLX.
Ademais, a inflação continua na mira dos investidores. Mesmo com os índices mostrando sinais de que a aceleração da inflação pode ter acabado, o patamar em que ela se estabeleceu é perigoso e desconfortável e não há sinais de que ele possa se reduzir no curto prazo.
Enquanto isso, o câmbio deve se manter perto de R$2,00 com o mercado esperando uma intervenção do BC. Essa intervenção deve ocorrer nessa semana, já que o pessimismo mundial deve levar a uma valorização do dólar, o que significa maiores riscos à inflação e à volatilidade cambial.
*Dicionário Economês-Português
PMI – O Purchasing Managers Index, ou “Índice dos Gestores de Compras”, é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.
FOMC – O “Federal Open Marketing Committee” é o equivalente norte-mericano do Copom Brasileiro. O FOMC é o comitê que decide a política monetária do país do Tio Sam periodicamente.
Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.