Mundo Econômico - 31 de Março
31/03/13 11:59Panorama Mundo
Na semana passada, os mercados acionários mundiais não mostraram tendência única.
Nos Estados Unidos, os índices de ações apresentaram leves altas. Destaque para o S&P 500 que bateu recordes históricos de fechamento.
No país do Tio Sam, a terceira prévia do PIB do 4º trimestre de 2012 apontou expansão de 0,4%, diante de expectativas de 0,3% e da leitura anterior de 0,1%. Enquanto isso, índices como as Ordens de Bens Duráveis e o Índice de preços Imobiliários mostraram-se otimistas. , No entanto, a confiança do consumidor veio abaixo do esperado.
Também de positivo, o presidente dos EUA, Barack Obama, sancionou, nesta terça-feira, o projeto que financiará o governo até 30 de setembro, quando termina o ano fiscal de 2013.
Obama tinha até esta sexta-feira para sancionar a medida para que não ocorresse o “temido” fechamento do governo, que poderia prejudicar ainda mais a economia norte-americana.
Na Europa, as bolsas apresentaram quedas. O principal motivo foram os dados ruins e a incerteza com relação ao Chipre e à Itália.
Esse pessimismo foi visto na confiança na zona do euro, que caiu mais que o esperado, e o PIB do Reino Unido e da França. Os dois países apresentaram retração de 0,3% na economia no último trimestre do ano passado.
No Chipre, houve um acordo para o plano de resgate do país. Nesse acordo, o segundo maior banco local do país foi liquidado e foi instituído um imposto de até 40% nos depósitos superiores à €100 mil. A medida criou um mau humor e desconfiança entre os investidores.
Ademais, a atenção também foi direcionada para a reabertura dos bancos do país. Na última quinta-feira, os bancos voltaram de um feriado bancário longo e havia medo de uma corrida aos caixas dos bancos. Entretanto, medidas limitadoras de saques bancários impediram o caos.
Na Itália, há receios com a eleição. Ainda não foi possível eleger um primeiro-ministro para o país e há possibilidade de novas eleições.
No outro lado do mundo, o Japão apresentou, em março, a primeira alta na atividade industrial em 10 meses. O dado é um sinal de que a economia está recuperando o impulso, conforme o iene mais fraco estimula as exportações.
Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa se ajustou às quedas passadas e apresentou uma alta semanal de 2,01%. O destaque foi a ação da Eletrobrás que, mesmo após a empresa apresentar prejuízo líquido recorde de R$ 6,88 bilhões em 2012, subiram fortemente. Os investidores viram positivamente o novo plano de investimentos da empresa.
O destaque nacional da semana foi o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central. O divulgado na última quinta-feira mostrou que as expectativas de inflação do BACEN subiram e que agora é esperada uma inflação de 5,7% em 2013 (antes 4,8%) e 5,3% em 2014 (antes 4,9%).
O BC se mostrou atento e preocupado com a inflação, principalmente, a relacionada com o aquecimento do mercado de trabalho.
No entanto, o relatório apresentou um tom de cautela excessivo e o mercado começou a acreditar que a alta dos juros poderia ser postergada. Assim, a curva de juros caiu levemente no fim da semana.
Outro evento importante para os juros nacionais foi a manutenção da TJLP* em 5% ao ano.
Ainda em relação à inflação, os índices divulgados mostraram tendências mistas. O IGP-M desacelerou de 0,29% em fevereiro para 0,21% em março. O IPC-Fipe caiu mais ainda e mostrou deflação de 0,18% na terceira semana de março.
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) também mostrou que os preços da cesta básica voltaram a subir. Na primeira semana após a desoneração, o preço da cesta recuou 2,79%. Na segunda semana (equivalente à terceira semana de março), a cesta voltou a subir 2,65%.
Enquanto isso, o IPC-S acelerou de 0,65% na segunda quadrissemana de março para 0,78% na terceira.
Quanto ao câmbio, o dólar fechou a semana com leve valorização em R$2,023. Como previsto, o Banco Central interviu, anunciando leilão de US$1 bilhão de swaps cambiais tradicionais*, para evitar maior valorização da moeda. Porém, a pressão do mercado acabou sendo mais forte.
Expectativas da Semana
Nessa semana, as movimentações do mercado devem continuar a serem guiadas por indicadores internacionais. Haverá, por exemplo, a divulgação de PMIs* da zona do euro e da China.
Lembrando que ainda há incertezas na Itália e no Chipre. Com isso, as bolsas europeias não prometem altas expressivas na semana.
Enquanto isso, o mercado nacional continuará atento aos índices de inflação e ao câmbio. Mesmo com possível tendência de desvalorização do dólar no médio prazo, o mercado deve continuar testando o BC e o dólar deve se manter próximo ao patamar de R$2,00 na próxima semana.
*Dicionário Economês-Português
TJLP – A taxa de juros de longo prazo foi criada com objetivo de estimular os projetos de infraestrutura no Brasil. Os financiamentos concedidos pelo BNDES são regulados por essa taxa.
Swaps cambiais tradicionais – são operações conduzidas pelo Banco Central que têm como objetivo causar um excesso de dólares no mercado futuro. Através dos contratos de swap tradicional, a autoridade monetária evita, ainda que temporariamente, a alta do dólar.
PMI – O Purchasing Managers Index, ou “Índice dos Gestores de Compras”, é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.
Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.