Mundo Econômico - 08 de Abril
08/04/13 01:10Panorama Mundo
A semana passada foi de queda para a maioria das bolsas internacionais. Os EUA apresentaram uma sequência de dados negativos, o que não incentivou os investidores.
No mês de março, o país do Tio Sam criou somente 88 mil vagas de emprego, segundo o Departamento de Trabalho. A expectativa do mercado era de 200 mil. Com isso, os investidores entraram em choque mesmo com o desemprego caindo de 7,7% para 7,6%).
Além disso, dados de serviços e manufatura mostraram certa desaceleração o país. Parecia que a recuperação havia começado bem, mas ela ainda continua lenta.
Na Europa, o pessimismo se manteve entre os investidores. Com os PMIs* da região vindo em níveis muito baixos, as expectativas de recuperação continuaram a cair. Enquanto isso, o Chipre se desdobra para evitar que haja um caos bancário no país.
A única bolsa que apresentou rendimento positivo no geral foi a japonesa. Para isso, existe um motivo em especial. Além dos EUA, o destaque da semana ficou com a política monetária japonesa.
Enquanto o Banco Central Europeu mantinha sua taxa de juros inalterada, o Banco do Japão fez mais que o prometido. Com um novo presidente, Haruhiko Kuroda, a instituição anunciou que fará o possível para atingir a meta de inflação de 2% no país em que deflação é extremamente comum.
O BoJ (Bank of Japan) planeja comprar 7,5 trilhões de ienes (US$78,6 bilhões) de títulos de dívida por mês e dobrar a base monetária* do país em dois anos. Tudo isso para estimular a economia e chegar ao processo inflacionário.
Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa seguiu o ritmo externo e fechou a semana em baixa de 2,31% apesar de ter descolado do mercado internacional na terça e na quarta-feira.
Enquanto isso, o IPC-S desacelerou para 0,72% na quarta quadrissemana de março, de 0,78% na terceira semana do mês.
Ademais, o preço médio das commodities internacionais com impacto na inflação brasileira caiu 1,82% em março, segundo o Banco Central. Se essa queda chegar ao consumidor, podemos esperar uma desaceleração da inflação.
Ainda na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a instituição irá analisar a inflação de março para ver se há necessidade de mudança na política monetária.
Por conta desse anúncio, o mercado, que projetava aumento da SELIC em Maio, começou a acreditar em mudanças em Abril. Consequentemente, a semana foi de alta para os juros.
No mercado de câmbio, o dólar se desvalorizou para R$1,987. A queda foi resultado da conjuntura externa e de boatos de que o IOF sobre investimentos estrangeiros em renda fixa poderia ser flexibilizado.
Expectativas da Semana
Para a próxima semana, podemos esperar volatilidade. Dados positivos nos EUA podem reviver o otimismo anterior e dados negativos podem levar a quedas bruscas dos índices acionários.
Enquanto isso, o investidor brasileiro ficará de olho na inflação seja ela brasileira seja ela chinesa. Os dois dados, entre eles o do IPCA de março, guiarão as perspectivas do mercado.
É de se esperar que a inflação do mês passado seja salgada. Portanto, as expectativas de aumento de juros em abril devem aumentar, os juros devem subir e o câmbio se valorizar levemente.
*Dicionário Economês-Português
PMI – O Purchasing Managers Index, ou “Índice dos Gestores de Compras”, é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.
Base monetária – É o volume de dinheiro que corresponde à toda moeda em papel emitida e às reservas bancárias. É uma medida extremamente restrita de oferta de moeda em uma economia.
Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.