A importância do planejamento nas finanças pessoais
12/04/13 07:00O brasileiro fica em média, 150 dias do ano para pagar impostos e taxas governamentais. Ou seja, de janeiro ao final de maio trabalha paraco governo.
De acordo com o Ministério da Previdência, a aposentadoria por tempo de contribuição é de 35 anos para o homem e 30 anos para a mulher. Como resultado, assumindo os 365 dias do ano, o homem e a mulher trabalham aproximadamente 14 e 12 anos (respectivamente) somente para contribuir com seus deveres fiscais.
Além disso, enfrentamos ainda gastos mensais quase indispensáveis como aluguel, água, luz, condomínio e os vitais, como, alimentação.
Diante dos pífios serviços de educação e saúde, os mais favorecidos, ainda pagam escola particular, cursos de inglês e plano de saúde.
Além destes custos “obrigatórios” que deveriam exigir uma reflexão e planejamento das finanças pessoais das famílias brasileiras, ainda temos as outras despesas como vestuário, lazer, transporte, comunicação, etc. Esses pagamentos são tão comuns e rotineiros que acabam sendo feitos de forma automática e passam despercebidos no orçamento mensal.
Desde a crise internacional revelada em 2008 , com a quebra do Lehman Brothers, assistimos um cenário econômico instável, queda no rating de grandes países e empresas, variações constantes no nosso PIB e uma inflação longe do centro da meta.
A crise e as incertezas geradas parecem não intimar os brasileiros , continuamos consumindo de uma forma desenfreada. Uma pesquisa intitulada Educação Financeira do Consumidor Brasileiro que foi realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e SPC Brasil em Fevereiro, revelou que dos 646 consumidores pesquisados em todas as capitais do país, 85% fazem compras sem planejamento, destes, 54% fazem compras por impulso.
Para piorar, o PIB não cresce , o crescimento brasileiro de aproximadamente 0,9% em 2012 e de uma projeção de 3% para o final de 2013 5,7% para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Uma demanda de consumo desacompanhada de uma oferta produtiva, acaba invariavelmente gerando mais inflação, endividamento das famílias e maior lucro dos empresários.
Em tempos de crise e instabilidades econômicas, o mais natural seria que as famílias gastassem mais nos bens e serviços de primeira necessidade e menos nos supérfluos, porém não é isso que tem acontecido.
A magia da publicidade, as novas tecnologias e os designs sedutores deixam a vida do consumidor mais difícil nessa tarefa. Uma simples reflexão pode ajudar, será que é necessário a troca de carro por um carro novo? Este smartphone fará tanta diferença? Parcelar no cartão de crédito faz sentido? Meu orçamento comporta uma nova dívida?
O brasileiro parece não refletir muito já que o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor , que é atualizado e divulgado mensalmente pelo Serasa, aponta um crescimento de 14,9% na inadimplência pessoa física em 2012 em relação ao ano anterior. O índice foi impulsionado pelas dívidas em atraso com as financeiras, cartões de crédito e empresas não financeiras (telefonia, fornecedoras de água e luz).
Conhecer a real capacidade de pagamento é fundamental para um endividamento mais saudável, uma inadimplência menor, um consumo consciente e uma possibilidade maior de poupança.
A questão não é deixar de viver, mas sim gerar maior utilidade para dinheiro que foi trabalhado.
Post em parceria com Filipe Castiglioni – Especialista em Finanças pelo Insper