Mundo Econômico - 21 de Abril
21/04/13 14:00Panorama Mundo
Em uma semana marcada por atentados em Boston, explosão de fábrica de fertilizantes no Texas, envio de cartas envenenadas aos principais políticos norte-americanos e terremoto na China, os mercados acionários fecharam em queda.
Os eventos da semana aumentaram a aversão ao risco do mercado. Assim, os principais índices acionários do mundo romperam o ritmo de ascensão.
Nos EUA, os dados também não foram bons. Apesar de balanços de empresas terem vindo positivos, os dados macroeconômicos não incentivaram os investidores.
A produção industrial e os pedidos de auxílio desemprego vieram somente em linha com o esperado. Os Leading Indicators* caíram 0,1% em março e o índice de atividade econômica da Philadelphia veio abaixo das expectativas.
Além disso, o Beige Book* indicou que a economia dos EUA não acelerou e continua em recuperação moderada.
Na Europa, as notícias também não foram positivas. O Índice ZEW de confiança da Alemanha caiu mais que o esperado e temores de que o rating do país possa ser rebaixado por agências de risco surgiram. Além disso, o rating do Reino Unido foi rebaixado para AAA pela Fitch.
Mesmo com o superávit comercial da zona do euro aumentando e o parlamento alemão aceitando o resgate do Chipre e o prolongamento do prazo de pagamento da dívida portuguesa e irlandesa, o clima foi negativo na semana.
Por fim, o PIB chinês apresentou crescimento abaixo do esperado. O dado, em taxa anualizada, foi de 7,7% no primeiro trimestre de 2013. A expectativa era de 8,0%.
Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa teve outra semana de alta volatilidade com queda de 1,88% no período. O principal motivo foi o contágio externo.
No cenário nacional, destaque para a reunião do Copom. Nela, a meta da taxa SELIC foi alterada de 7,25% a.a. para 7,50% a.a.. O aumento foi menor que o precificado pela curva de juros. Além disso, a decisão não foi unânime, houve divergência de 2 votos.
Dessa forma, após o anúncio, os juros tiveram queda para maturidades menores, evidenciando a expectativa do mercado que o ciclo de alta na SELIC além de ser suave e curto não deve ser capaz de reduzir a tendência inflacionária.
Entre os índices de inflação divulgados, destaque para o IPCA-15 que subiu 0,51% em abril, frente à alta de 0,49% em março. O IGP-10 mostrou desaceleração para 0,18% em abril e o IPC-S subiu 0,69% na segunda quadrissemana de abril.
Quanto ao câmbio, o dólar apresentou tendência de alta na semana passada. A busca por ativos mais seguros e o aumento menor que o esperado na SELIC, levaram a moeda norte-americana ao patamar de R$2,013 na sexta-feira.
Expectativas da Semana
Nessa semana, as bolsas devem recuperar parte do pessimismo anterior, mas continuarão atentas aos novos dados divulgados.
Destaque para PMIs* na Europa e China e para o anúncio do PIB americano no primeiro trimestre. Os dados europeus e chineses podem decepcionar e o dado americano deve vir em linha com o esperado, ou seja, uma atividade econômica mais robusta no período, mas ainda com riscos para o futuro.
No Brasil, todo o mercado deve continuar se ajustando a última decisão do Copom. Além disso, a divulgação da ata da reunião servirá para os agentes reajustarem suas projeções de inflação e juros.
A ata deve anunciar que o Banco Central permanecerá atento à inflação, mas agirá com cautela. Isso pode levar as expectativas de juros a caírem e às de inflação a se manterem elevadas.
Enquanto isso, o dólar deve variar levemente no patamar próximo de R$2,00, pois não deve haver motivos para a queda e o temor de intervenção do BC deve segurar a alta da moeda.
*Dicionário Economês-Português
Leading Indicators – Os “indicadores líderes” norte-americanos procuram prever a atividade econômica do país através de dados que estão correlacionados com o atividade econômica futura do país.
Beige Book – O “Livro Bege” é um relatório publicado oito vezes ao ano pelo FED* que indica o estado da economia do país. A informação apresentada é baseada em dados, pesquisas e entrevistas.
PMI – O Purchasing Managers Index, ou “Índice dos Gestores de Compras”, é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.
Post em Parceria com João Lídio Bisneto, graduando em Economia pela FGV-EESP e Presidente da Consultoria Júnior em Economia (CJE) da FGV, em nome da área de pesquisa da empresa.