Itaú inova no processo seletivo, mas fere princípios éticos.
03/05/13 08:30No último dia 23, uma ação de recrutamento do Itaú surpreendeu os alunos da Fundação Getulio Vargas, que esperavam assistir, em lugar, uma palestra de um suposto renomado professor da Sorbonne, de nome fictício Jean Gutierre, sobre o tema “Geração Desencana”.
Na verdade ao invés de um renomado professor, o palestrante era um ator que só relevou a pegadinha sem graça a´pos aproximadamente 40 minutos, o que gerou grande indignação.
O banco organizou o evento por meio do Diretório Acadêmico da instituição e não de sua coordenadoria, optando assim por um meio de acesso aos alunos mais informal e flexível, que provavelmente criou menos empecilhos à questão ética da ação.
Como se tem visto na mídia, ações de marketing ou mesmo de recrutamento diferenciadas têm se popularizado. Um exemplo de elevada repercussão foi da Heineken, que selecionava os candidatos a uma vaga através de situações corriqueiras inesperadas, pretensamente reais.
No entanto, uma diferença deve ser ressaltada em relação a um fato e outro. No caso da Heineken, a participação dos envolvidos foi voluntária, ou seja, eles estavam realmente no processo seletivo das vagas.
Já no caso do Itaú, os alunos abdicaram de seus compromissos, aulas, trabalhos e afins com outro intuito, que não participar de um recrutamento. Assim, sentiram-se enganados e lesados, o que acabou por prejudicar a imagem da companhia, surtindo efeito contrário ao desejado inicialmente.
Uma faculdade, bem como outras instituições, pode e, às vezes, necessita ser patrocinada. No caso da FGV, tem-se um Clube de Parceiros que patrocina salas, eventos, bolsas de estudos . E o Itaú é um deles. Não raro, portanto, realizam-se, oficialmente, palestras sobre o banco e a carreira oferecida por ele.
Porém, sua atuação dentro da Fundação tem restrições que devem atender, sobretudo, princípios éticos. Acredita-se que essa ação pode ter ferido tais princípios.