Consumidor imobiliário deve ter cautela com o Feirão da Caixa
04/05/13 18:14Desde sexta-feira (3) até o próximo dia 5, a Caixa Econômica Federal realiza o Feirão da Casa Própria de São Paulo, no qual serão oferecidos 136.780 imóveis, sendo 54.883 novos ou ainda em construção, e 81.897 usados.
Embora número de habitações seja inferior ao oferecido em 2012, 218 mil, prevê-se que essa edição movimente um valor 20% maior que o do ano passado, de R$2,5 bilhões. Os preços dos imóveis variam bastante, de R$69,4 mil a R$1,67 milhão, mas quem realizar o financiamento durante o feirão pode começar a pagar somente em janeiro de 2014.
A Caixa, maior financiador do Brasil e responsável por mais de 70% do crédito habitacional, promete as menores taxas de juros do mercado, que variam de 7,7% a 8,85% ao ano mais a variação da TR para imóveis de até R$500mil e um prazo de até 360 meses.
O otimismo do banco se deve à avaliação de que o mercado de imóveis continua aquecido no país e a taxa de inadimplência “estável e baixa”. As atividades recentes da instituição corroboram essa expectativa, já que o volume de crédito contratado até 20 de abril apresentou uma alta de 39% e o número de imóveis negociados, um crescimento de 31%.
Tais fatos levaram o banco a elevar sua previsão de contratações de crédito imobiliário em 2013 de R$120 bilhões para R$126,5 bilhões, valor que representa um recorde histórico.
Entretanto, o mercado não parece partilhar dessa esperança de prosperidade. O mercado imobiliário dá mostras de saturação e muitas construções recentes já apresentam faltam de compradores.
Vale lembrar que, embora o sonho da casa própria seja recorrente entre os brasileiros e muitas pessoas destinem considerável parte de sua poupança à aquisição de imóveis, o crédito imobiliário apresenta o agravante de seu prazo, em geral, longo.
Assim, fica mais difícil, para essa modalidade, prever a capacidade do cliente de honrar suas obrigações ao longo de todo o período e, adicionalmente, considerar a possibilidade de choques na economia, que também podem afetar sua capacidade de pagamento.
Ao financiar um imóvel, o comprador está entrando em um compromisso de 30 anos, mais que a maior parte dos casamentos no Brasil –só que neste caso, em caso de separação, o banco leva integralmente o bem.
A economia brasileira dá mostras de passar por um período de maior inflação, dada a dificuldade do governo de permanecer abaixo do teto de sua meta.
Se essa tendência se mantiver, a capacidade de consumo e de pagamento dos devedores fica comprometida. A inadimplência atual das famílias gira em torno de 7,6%, mas, no ano passado, assustou os credores com sua alta.
O mercado do país é promissor e não surpreende que gere otimismo aos que nele investem. Mas sempre é necessário ter cautela na concessão de empréstimos, verificando as garantias e o perfil dos devedores para evitar a criação de eventuais bolhas imobiliárias.
Post em parceria com Giovana Carvalho que é graduanda em economia pela FGV-EESP.