A passagem mais cara de todas...Claro é nossa!
18/06/13 07:00A semana que passou for marcada pelos inúmeros protestos contra o aumento das passagens de ônibus ao redor do Brasil. Já conhecida como A Revolta do Vinagre, parece que manifestação originada na capital paulista está escrevendo um capítulo da história.
Embora o movimento tenha se difundido e hoje tenha diversos propósitos, ele se iniciou com o aumento das passagens. Mas será que nossa passagem de ônibus é tão cara assim?
Decidimos pesquisar o preço das passagens de ônibus em dez cidades ao redor do mundo e compará-los com Rio de Janeiro e São Paulo, onde os protestos foram mais intensos.
Muitas análises pesquisam o preço na moeda local de cada cidade e as transformam em dólar. Esses resultados chegam à mesma conclusão: o Brasil está longe de ser o local com passagens mais caras, como vemos na tabela abaixo.
Dados Retirados da Bloomberg. Taxa de câmbio considerada em 13/06/2013.
No entanto, esse tipo de análise é muito superficial, pois não considera o salário médio, ou seja, um dólar em um país ser mais fácil de ganhar do que em outro.
Para se fazer uma análise realista, resolvemos mostrar o preço das passagens em número de minutos trabalhados considerando portanto a renda média e número de horas trabalhadas em cada cidade.
Fazendo estes ajustes os resultados são incrivelmente diferentes. No ranking anterior, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo estavam, respectivamente, na oitava e nona colocação entre as doze cidades pesquisadas. Quando ponderamos os preços pelos salários, São Paulo e Rio ficam nas duas primeiras posições, ou seja, nossa passagem é a mais cara do mundo em termos de poder de compra.
Enquanto os paulistanos têm que trabalhar quase 14 minutos para pagar uma passagem, aos cariocas são demandados aproximadamente 13 minutos. Esses resultados são incrivelmente maiores que os cerca de 4 minutos dos chineses e os quase 2 minutos de nossos hermanos portenhos.
Talvez, as manifestações não sejam contra 20 centavos, mas contra um transporte que há tempos está entre os mais caros e não apresenta os mesmos serviços que os encontrados ao redor do mundo.
Não é por acaso que o trânsito aumenta dia após dia. Como diria o ex-Prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, “A cidade avançada não é aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam transporte público”. E o que está acontecendo aqui parece ser exatamente o oposto.
Post em parceria com Leonardo Siqueira , economista pela FGV.