Mundo Econômico - 21 de Julho
21/07/13 17:30Panorama Mundo
As ações europeias tiveram a quarta semana consecutiva de ganhos, apesar de fecharem praticamente estáveis na sexta-feira, 19, pressionadas pela fraqueza do setor de tecnologia, depois de lucros decepcionantes da Microsoft e da Google.
Já as bolsas da Ásia fecharam fracas, com exceção das ações indianas, que atingiram máxima em sete semanas. O mercado foi impulsionado pelo rali na Tata Consultancy Services, um dia depois que a exportadora de serviços de softwares registrou resultados que superaram as estimativas.
Nos EUA, dados positivos. O número de novos pedidos de auxílio desemprego caiu mais do que o esperado para o menor nível em quarto meses, um possível sinal de que as contratações podem acelerar em julho.
Além disso, a atividade fabril na região do meio-atlântico dos EUA expandiu em julho no maior ritmo desde março de 2011, à medida que o nível de emprego e embarques acelerou, mostrou pesquisa do Federal Reserve* da Filadélfia nesta quinta-feira.
O FED* regional anunciou que seu índice de atividade empresarial subiu para 19,8, ante 12,5 em junho, ficando bem acima das expectativas de economistas da Reuters de 7,8.
Ademais, a Moody’s elevou a perspectiva do rating dos Estados Unidos de “negativa” pra “estável” também nesta quinta-feira. Com isso, a agência de classificação de risco retira a ameaça de rebaixar o rating norte-americano em breve.
O crescimento chinês desacelerou para 7,5% no segundo trimestre, colocando a economia rumo a seu ano mais fraco desde a década de 1990, em meio às iniciativas de seus novos dirigentes de concentrarem-se mais em profundas reformas do que em estímulos de curto prazo.
Com a queda nas exportações e um recuo nos investimentos, este foi o segundo trimestre consecutivo de crescimento mais fraco na segunda maior economia do mundo, o que confirma que a recuperação no fim do ano passado foi de curta duração.
A tendência de desaquecimento não mostra sinais de ceder, havendo, assim, riscos de que a China ficará abaixo da meta oficial do governo, de 7,5% de crescimento neste ano. Seria a primeira vez desde a crise financeira asiática, 15 anos atrás, que o governo chinês não atingiria a sua meta de crescimento anual.
Joerg Asmussen, membro do Banco Central Europeu, afirmou que a política monetária de tal instituição continuará expansionista por quanto tempo for necessário. Asmussen disse ainda que o BCE tem uma série de medidas padrão e não-padrão disponíveis que, se necessárias para garantir a estabilidade de preço no médio prazo, serão usadas em toda a zona do euro.
Na Grécia, o governo garantiu votos suficientes no Parlamento para aprovar uma lei de reforma do setor público na quinta-feira, abrindo caminho para receber a próxima parcela do resgate financeiro internacional.
Por fim, o G-20 quer obrigar as empresas multinacionais a revelar seus agressivos esquemas de otimização tributária para as autoridades fiscais de cada país onde operam e obtêm lucros, para forçá-las a pagar o imposto devido. Dentre outros assuntos discutidos na reunião do grupo das maiores economias do mundo, ministros do trabalho e das finanças do G20 prometeram adotar políticas destinadas a estimular a geração de empregos e os investimentos privados, a fim de promover o crescimento econômico global.
Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa teve o melhor desempenho semanal do ano, alta de 4,10%. Dentre os principais motivos para o acontecimento, figuram-se as declarações de Ben Bernanke acerca do ciclo do aperto monetário, além dos dados da economia chinesa em consonância com as expectativas do mercado.
Enquanto que as expectativas de crescimento do PIB continuam a cair (agora em 2,31% para 2013 de acordo com o Boletim FOCUS), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu 4,9 pontos e chegou a 49,9 pontos em julho, o menor patamar desde abril de 2009.
A boa notícia da semana é a desaceleração da inflação. Com a ajuda da queda nos custos de transporte público, o IPCA-15 desacelerou para 0,07% em julho, ante 0,38% em junho.
No mercado de câmbio, o dólar saiu de R$ 2,2670 na sexta-feira, dia 12, para R$ 2,2405 no fim da última semana. Com as afirmações de Ben Bernanke de que o ciclo de estímulos monetários nos EUA não acabará tão cedo, o mercado não teve força para uma alta do dólar. Além disso, o BACEN interferiu no câmbio para impedir que essa alta ocorresse.
Expectativas da Semana
Na próxima semana, o principal motor interno para o mercado de ações é a divulgação de resultados de empresas, serão 9 no total. O motivo para tanto é a fraca agenda econômica nacional cujos destaques são a balança comercial, o IPC-S e o IPC-Fipe.
No mercado internacional, além dos PMIs* chinês e europeu, temos o comum destaque para os pedidos de seguro-desemprego nos EUA. O dado mais importante da semana, entretanto, é o PIB do Reino Unido que será divulgado na quinta-feira.
Enquanto isso, o mercado de juros deve ficar aquecido já que, se, realmente, houver desaceleração da inflação, o BACEN pode diminuir o ritmo do aumento dos juros.
Por fim, não há motivos para esperar maiores flutuações no câmbio, já que não haverá dados ou discursos muito importantes que afetem o dólar na próxima semana. Além disso, as intervenções estatais devem segurar parte de qualquer desvalorização do real.
*Dicionário Economês-Português
FED – O FED, ou Federal Reserve, é a maneira como se comumente se refere ao Banco Central dos Estados Unidos. Nesse sentido, o nome oficial do banco central é Federal Reserve e FED é uma abreviação utilizada normalmente.
PMI – O Purchasing Managers Index, ou “Índice dos Gestores de Compras”, é um indicador econômico que procura prever a atividade econômica através de pesquisas junto ao setor privado.
Post em Parceria com João Lídio Bisneto, graduando em Economia pela FGV-EESP e Presidente da Consultoria Júnior em Economia (CJE) da FGV, em nome da área de pesquisa da empresa.