Panorama Mundo
Na segunda semana de agosto, o movimento nos mercados foi de alta das bolsas nos países emergentes e queda nas três maiores economias do mundo, EUA, Japão e Alemanha. O índice Nikkei 225, japonês, teve uma expressiva queda de 5,88%, movimento impulsionado pela apreciação do iene.
Na Europa, apesar da bolsa alemã ter caído na semana, os mercados mostraram-se animados com a possível saída da recessão da zona do euro. Dados divulgados na semana, inclusive, revelaram bons indicadores para a Europa: a produção industrial alemã cresceu acima do esperado, o desemprego em Portugal caiu pela primeira vez em dois anos e o déficit comercial francês se reduziu. Além disso, a atividade combinada da indústria e serviços da zona do euro ultrapassou a marca de equilíbrio pela primeira vez desde janeiro de 2012, reforçando a ideia de recuperação da economia na região.
No entanto, não foram todos os dados dos países europeus que surpreenderam e alguns números ainda trazem questionamentos à possível saída da recessão da Europa. A produção industrial francesa se mostrou abaixo do esperado, o desemprego na Grécia voltou a bater recordes e as vendas no varejo contraíram.
Nos EUA, o foco continua sendo a especulação sobre a redução do estímulo monetário e a sucessão de Ben Bernanke, atual presidente do Federal Reserve*. Atualmente, os candidatos mais cotados para o cargo são Lawrence Summers e Janet Yellen.
A incerteza em relação ao quantitative easing está levando as bolsas americanas a perderem alguns pontos, mas ainda assim continuam muito próximas às máximas históricas e a grande maioria dos dados da economia do país vem sendo fortes. Nesse sentido, a crescente atividade do setor de serviços, a balança comercial menos deficitária, a retomada do acesso a crédito e a queda no nível geral de estoques são indicativos da robustez da economia dos EUA.
Nesta última semana, a Ásia mostrou um tom diferente daquele observado durante o ano, com a China surpreendendo e a bolsa japonesa em queda. A economia chinesa, que vinha trazendo incertezas ao mercado, trouxe um grande alívio ao divulgar dados fortes de comércio exterior e produção industrial. O Japão, por outro lado, sofreu uma forte queda da bolsa de valores, mas o movimento está mais relacionado ao câmbio do que a uma piora relevante nos fundamentos econômicos do país, que ainda estão sendo avaliados positivamente pelo governo local e o FMI.
Panorama Brasil
No Brasil, o principal dado divulgado foi o IPCA de julho que apesar de ter superado as expectativas de mercado, veio a 0,03% e trouxe a inflação acumulada em 12 meses para dentro do intervalo da meta, em 6,27%. No mercado de ações, o índice Ibovespa teve uma forte alta de 2,89%, fechando a semana próximo dos 50.000 pontos, sendo esse movimento relacionado ao otimismo em relação à economia chinesa.
A inflação veio baixa em julho graças aos preços de alimentos e transportes, além da sazonalidade dessa época do ano. Especialistas ainda veem a inflação e os juros em alta interferindo no desempenho industrial, mas ressaltam que o real enfraquecido pode ajudar a balança comercial e, consequentemente, a indústria. Nesse contexto, a previsão de crescimento da economia foi revisado para baixo no boletim Focus, caindo 0,04% para 2,24%.
Para a próxima reunião do Copom, no entanto, o mercado continua a acreditar numa elevação 0,5% na taxa Selic, que a levaria para 9%. E finalmente, em relação ao câmbio, apesar de o dólar ter atingido o maior nível desde maio de 2009, ao chegar a R$2,31 na quarta-feira, no acumulado da semana a moeda americana perdeu um pouco de força e terminou cotada em R$2,27. A relação entre câmbio e inflação continua a preocupar o governo, dado que o real mais fraco aumenta o preço das importações.
Expectativas da Semana
Na semana que vem, as principais expectativas ficam para as prévias dos PIBs brasileiro, japonês, da zona do euro, da Alemanha e da França, além de dados fiscais dos EUA.
A China fica um pouco menos em destaque, dada a mínima divulgação de dados econômicos, mas obviamente qualquer reviravolta sobre a situação da economia local é de grande relevância para o globo.
Não estão programadas reuniões relevantes de bancos centrais, mas será divulgada a ata da reunião do Bank of Japan*.
Para o mercado brasileiro, o principal evento é o fim da divulgação de resultados de empresas listadas em bolsa, sendo que ainda faltam números de diversas companhias, o que promete trazer uma maior movimentação na bolsa local.
*Dicionário Economês-Português
Federal Reserve – O Fed, ou Federal Reserve, é a maneira como se comumente se refere ao Banco Central dos Estados Unidos. Nesse sentido, o nome oficial do banco central é Federal Reserve e Fed é uma abreviação utilizada normalmente.
Bank of Japan – O banco central japonês é conhecido por Bank of Japan, ou, como se usa comumente, pela suas siglas: BoJ.
Post em Parceria com Felipe Eiki, graduando em Economia pela FGV-EESP e Diretor de Projetos da Consultoria Júnior em Economia (CJE) da FGV, em nome da área de pesquisa da empresa.