Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Caro Dinheiro

por Samy Dana

Perfil Samy Dana é Ph.D em Business, professor da FGV e escreve no caderno Mercado

Perfil completo

A má educação brasileira do IDH

Por Samy
22/03/13 18:00

Como em outro ano qualquer, a ONU divulgou relatório em que apresenta os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ao redor do mundo. O Brasil manteve a posição do ranking anterior, ou seja, 85º lugar, registrando 0,730 de IDH.

Apesar da colocação não ser animadora, deve-se ter em mente que, em 1990, amargávamos um IDH de apenas 0,590. A figura a seguir mostra a evolução do índice com o tempo:

Evolução do IDH brasileiro (Fonte: UOL)

Apesar do salto, quando comparado a 1990, é preciso ponderar que, desde 2010, tivemos uma tímida e quase imperceptível melhora do IDH. Ainda que o índice reporte nossa situação histórica e nos compare com os demais países, a notícia passou despercebida a milhões de brasileiros.

O 85º lugar não é dos mais honrosos. Estamos atrás de nossos vizinhos chilenos, argentinos e uruguaios que ocupam, respectivamente, o 40º, o 45º e o 51º lugares. Também estamos piores que países como Cuba (59º), Líbia (64º) e Irã (76º).

Fonte: UOL

O fato é que o país carece de esforços brutais em educação e saúde de qualidade. Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que a média de anos de escolaridade do país é de 7,2 anos, conforme mostra a tabela a seguir. Esse número está estagnado desde 2011, além de ser o menor da América Latina, posição não muito honrosa que dividimos com o pequeno Suriname.

A despeito do resultado pífio na educação, a ONU elogia governantes brasileiros pela criação e esforços no programa bolsa família.

É interessante notar que o problema não é prioritariamente orçamentário, uma vez que o orçamento para a educação é de R$28 bilhões de reais (orçamento de 2013). Uma gestão que se preocupe com a eficiência do dinheiro gasto e com a qualidade do ensino se mostra imprescindível. Vale dizer que países com recursos muito menores aos brasileiros conseguem obter melhores índices de educação.

O intuito do artigo não é apresentar um panorama socio-econômico brasileiro, muito menos as soluções para seus problemas, mas provocar essa discussão. Se a mídia e a opinião pública gastassem mais tempo e esforços para, então, construir um diálogo mais elaborado, o país ganharia muito.

Artigo em parceria com Miguel Longuini, graduando em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e Diretor Administrativo/Financeiro da CJE-FGV e Patrick Coelho, graduando em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e Consultor da CJE-FGV.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Cartão de crédito: o mocinho para a economia e, às vezes, vilão para o consumidor

Por Samy
21/03/13 18:46

Os Cartões de débito e crédito tornam a vida muito mais prática e segura. Nos últimos anos, o número de usuários globais aumentou de forma exponencial, crescimento suficiente para impactar a taxa de crescimento global anual em 1,8%, mesmo com todos os desarranjos econômicos globais.

O crescimento das economias ditas emergentes, como o Brasil, possibilitou a bancarização de milhões de trabalhadores, que passaram a usar o serviço dos cartões. O número em 2012 supera os 60 milhões de usuários.

O cartão de crédito, se bem usado, possibilita um folego financeiro ao usuário entre a data de compra até o dia da fatura, e aumenta, assim, o poder de compra do consumidor. No entanto, para aqueles que não conseguem pagar a fatura, o cartão de crédito cobra uma taxa de juros que chega, em muitos casos, a inacreditáveis 200%.

Considerando esse lado perverso, será que o cartão contribui para economia? Um estudo da Moody’s Analitics sobre o impacto dos meios eletrônicos de pagamento na economia global de 2008 a 2012 concluiu que, nestes 4 anos, 983 bilhões foram injetados na economia por meio dos cartões de crédito. Em termos percentuais, os cartões respondem por um aumento de 0,8% do PIB das nações em desenvolvimento e 0,3% nas nações desenvolvidas.

O relatório defende, portanto, que o aumento no uso de cartões gerou significativos impactos macroeconômicos, potencializando consumo privado. Para a Moodys, os cartões fornecem maior segurança para lojistas, consumidores e até mesmo para o governo, que consegue uma fiscalização maior dos impostos.

Outra evidência que aponta para o ganho macroeconômico é relação entre cartões e compras online, uma vez que muitos sites possuem, dentre as possibilidades de finalização de compras, apenas o cartão de crédito.

Apesar de o estudo ser exageradamente otimista com os dados e impactos do cartão, é válido fazer uma reflexão, sobretudo sobre a ótica do consumidor. No Brasil, o segundo o Banco Central, o número de cartões mais que dobrou entre 2005 e 2012 – de aproximadamente 30 milhões de cartões em 2005 para 65 milhões em 2012.

Porém, o perfil do usuário brasileiro preocupa. A despeito das exorbitantes taxas cobradas, a modalidade de cartão de crédito é a mais usada pelo brasileiro. Segundo o banco central, o aumento em 2012 foi de 10,96%. E tudo isso reflete no dado da inadimplência, que cresceu 6,65% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do SPC. Ou seja, a combinação de excesso de crédito, altas taxas e pouca educação financeira está começando a se mostrar perigosa. Interessante é também notar que 61,2% das famílias brasileiras se dizem endividadas, em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) realizada em março de 2013, um claro sinal amarelo para a os consumidores e para a economia.

O acesso ao crédito foi feito, cabe agora educar a população para usá-lo de forma adequada. Ficar devendo no cartão, com as taxas operadas no Brasil, pode ser considerado um suicídio financeiro. Enquanto isso, muitos consumidores desavisados e sem educação financeira continuam em seu caminho para morte financeira anunciada. Sem educação e com os spreads mais altos do mundo não há caminho sustentável.

Post em Parceria com Victor Candido, graduando em Economia pela UFV-MG (Universidade Federal de Viçosa) .

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

"Pibinho" X Crescimento dos shoppings

Por Samy
20/03/13 18:00

O blog Caro Dinheiro abordou, no último sábado, o crescimento pífio desempenho da economia brasileira, menos de 1% em 2012, que ganhou  simpáticos apelidos, desde “Pibinho” até “Pibeco” .

No entanto, percebe-se que esse baixo crescimento não é uma tendência generalizada para todos os setores da economia brasileira. Os shopping centers, por exemplo, vivem um período de bonança.

Está prevista, só para esse ano, a inauguração de 47 centros comerciais e, para 2014, outros 23. Juntos, os 457 estabelecimentos existentes no Brasil respondem por 19% das vendas do varejo, por 877.000 empregos em 2012, e por um faturamento anual de cerca de  120 bilhões de reais.

Fonte: Abrasce

O primeiro shopping brasileiro foi inaugurado em 1966, em São Paulo. Com a facilidade de oferecer diversas lojas e serviços reunidos, aliados a segurança e comodidade, eles se espalharam por todo o Brasil.

Nesse ano, estão previstos novos estabelecimentos em cidades como Sobral, São Gonçalo, Macapá, Pouso Alegre, Marabá, Londrina, Juazeiro do Norte, Gravataí, Arapiraca, Betim, entre outras.

Alguns fatores macroeconômicos brasileiros ajudam a entender a expansão do setor, como a redução do desemprego, aumento da facilidade de acesso ao crédito e ascensão das classes B e C, que têm avidez em consumir itens que, anteriormente, não cabiam em seu orçamento.

Post em Parceria com Giovana Carvalho, graduanda em Economia pela FGV-EESP

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Juro baixo favorece abuso de preços

Por Samy
19/03/13 18:00

Sempre existiu no Brasil um impulso a favor da aquisição de imóveis, relacionado ao sonho da casa própria e à crença de que representam segurança financeira.

Sabendo disso, instituições saíram no lucro oferecendo crédito imobiliário em larga escala, com financiamentos caros e prolongados.

A concessão de empréstimos era bastante rigorosa. As instituições financeiras, preocupadas com a inadimplência, exigiam incontáveis pré-requisitos para emprestar.

Hoje, com maior facilidade de crédito e com prazos maiores, parcela-se R$ 425 mil com os mesmos R$ 3.300 por mês.

O mercado atual parece mais vantajoso, mas a realidade é que os preços dos imóveis subiram, e o lucro, que antes era dos bancos, foi transferido para as construtoras: imóvel que há dez anos custava R$ 150 mil agora pode valer mais de R$ 600 mil.

Mesmo com as taxas atuais, financiar um imóvel pode significar pagar mais do que o dobro de seu valor inicial. Um apartamento de R$ 500 mil, quando financiado com entrada de 10% mais 360 parcelas (30 anos) com 0,72% de juros mensais passa a ter o valor final de R$ 1,2 milhão.

Porém, o mercado imobiliário brasileiro tem apresentado desaceleração nas vendas. Especuladores estão começando a vender seus imóveis nos valores atuais com medo de uma queda abrupta de preços em breve.

Ainda há muitos que querem rendimentos maiores e não aceitam vendê-lo a um valor igual ao que pagaram.

Eles sofrerão dificuldades em breve. Mesmo aos olhos do consumidor que busca o imóvel próprio, já não é tão atraente adquiri-lo aos preços atuais. Com uma taxa de aluguel próxima a 0,3%, tem valido mais a pena deixar o dinheiro na poupança -que paga 0,4%- do que comprar um apartamento.

Os valores estão quase batendo no teto, e depois dele vem o abismo. Quem estiver pronto poderá salvar um pouco de capital para aplicar em outras formas de investimento no futuro, mas os mais teimosos e gananciosos poderão ter de enfrentar, em breve, um longo e tenebroso inverno financeiro.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

O segredo da pirâmide

Por Samy
18/03/13 21:24

ou Embuste exponencial

Há alguns meses, recebi uma mensagem de um amigo que não via há alguns anos, dizendo que ele gostaria de me apresentar uma oportunidade de negócio, mas que ele próprio não poderia explicar sobre o que se tratava. Eu teria, portanto, que comparecer a uma reunião na qual seria esclarecido o assunto. Movido pela curiosidade e pelo sigilo em relação a tal oportunidade, fui à reunião, na qual se apresentou a empresa: uma startup que acabara de entrar no mercado brasileiro, com um produto revolucionário que alteraria os padrões sociais. O foco da reunião, no entanto, foram as maravilhas (pecuniárias) de se associar a tal empresa. O apresentador nos mostrou como o dinheiro viria fácil, o quão cedo seria possível se aposentar (antes dos 40!) e, no geral, como minha vida seria incrível se eu aceitasse me tornar um associado da empresa.

Provavelmente, alguns leitores já sabem do que ser tratava a tal empresa, pois a fórmula é sempre a mesma; o que muda é a embalagem. São os chamados esquemas de pirâmide, normalmente mascarados sob a alcunha de marketing multinível ou marketing de relacionamento.

Antes que torpedeiem o artigo, vamos deixar algo claro: marketing multinível, pessoal e de relacionamento são modalidades de marketing completamente válidas, legais e éticas. O que ocorre com os esquemas de pirâmide é que eles se aproveitam da existência desse tipo de marketing para mascarar a verdade sobre a natureza antiética e insustentável de seu modelo de negócios.

Para os que ainda não tiveram o prazer de ser arrastado a uma destas reuniões, um esquema de pirâmide é uma empresa comercial, constituída de forma legal e que atua dentro da legislação vigente. Ou seja, esquemas de pirâmide não são ilegais. A empresa vende seu produto (seja qual for) por meio de vendedores que não são funcionários da empresa. É o mesmo formato das consultoras da Natura, que recebem os produtos em casa e os vendem às amigas. Elas recebem pela venda dos produtos, mas não são funcionárias da Natura.

Pois bem, no esquema de pirâmide, os vendedores são denominados “associados”. Eles pagam uma taxa de inscrição para aderir ao programa e, feito isso, estão autorizados a vender os produtos da empresa. Mais importante, os associados podem também trazer novos associados à empresa. E ganham bônus para tanto. Mas o buraco é muito mais fundo: os associados que entram na empresa por seu intermédio se tornam seus “filhos” (usarei este termo para fins de explicação), e ganha-se um bônus para cada filho que entra. Por razões que se tornarão mais claras a seguir, cada associado só pode ter dois filhos. Entretanto, os seus filhos podem conseguir filhos próprios (seus netos), e quando o associado ganha netos, ele ganha bônus pela entrada deles também. E assim se sucederá com netos, bisnetos e trinetos: para cada pessoa que entra na empresa diretamente abaixo do associado, ele receberá um bônus.

Até aí, parece uma excelente estratégia de marketing. Os associados, além de venderem seus produtos, ainda conseguem novos associados por iniciativa própria. E embora a empresa tenha que pagar bônus pela entrada de novos associados, a taxa de inscrição que cada um deles paga quando entra é muito superior aos bônus pagos, de modo que a empresa não perde dinheiro. Realmente, é uma estratégia de marketing eficaz, responsável pelo sucesso de várias empresas honestas e autênticas, como a Natura. Existe um ponto, no entanto, que diferencia os esquemas de pirâmide do legítimo marketing multinível: o produto. Seja qual for o bem ou o serviço que o esquema de pirâmide oferecer, existe algo de comum entre eles: o produto não é competitivo. Como exemplo, pense em uma caneta que parece comum, mas que alegadamente possui um giroscópio interno que cansa menos a mão, evita tendinite e deixa a letra mais bonita. O preço: R$ 137,00. O produto não é necessariamente enganoso (embora muitos sejam), mas a empresa nunca seria capaz de se sustentar através de sua venda.

O raciocínio é, de fato, muito engenhoso. A oferta de um produto é necessária por lei, tornando a empresa legal. O produto costuma ser algo inovador, com algumas características bastante atraentes e cuja autenticidade seja de difícil verificação – desse modo, fica mais fácil convencer novos associados a se associar à empresa (note que o marketing, nesse caso, é voltado ao vendedor, e não ao cliente!). Entretanto, se o produto fosse competitivo, alguns associados seriam capazes de ganhar dinheiro através da venda do produto, ao invés de angariar novos associados. Só que isso é tudo o que a empresa não quer. Se o produto é vendido, ela tem que se preocupar com questões produtivas, de demanda, logísticas, trabalhistas e etc. – e seu lucro dependeria da qualidade do produto e do custo para produzi-lo. Mas como o produto não é competitivo, se os associados quiserem recuperar o que eles gastaram quando aderiram ao programa, eles são forçados (sim, forçados) a trazer novos associados para a empresa.

Já é possível entender por que o modelo de negócios de pirâmide não é sustentável. Se cada associado que entra traz dois novos à empresa, o número de associados cresce de forma exponencial (2n-1), até que se sature o mercado. Já que o produto que a empresa oferece não é vendável, quando o mercado se torna saturado e não há mais para onde expandir, a empresa é forçada a fechar, pois ela só sobrevive enquanto entrarem novos associados. Contudo, além de insustentáveis, esses esquemas são igualmente antiéticos. Suponhamos que, para entrar, o associado pague 140 reais, e a cada “descendente” que entre na empresa, ele ganhe 10. São, portanto, necessários 14 descendentes para que ele consiga reaver o que investiu. 14 é, também, a soma de três gerações: 2 filhos, 4 netos e 8 bisnetos (lembrando que, nessa família, cada um só pode ter 2 filhos). Ou seja, só quando se completarem as três gerações posteriores é que o associado reaverá seu dinheiro.

Agora, a pergunta que eu gostaria de ver respondida por algum defensor de pirâmide: o que acontece com essas três últimas gerações da empresa quando o mercado se torna saturado e a empresa para de crescer? Eu mesmo respondo: elas não conseguem reaver o dinheiro investido e, portanto, saem no prejuízo. A última geração perderá os 140 reais investidos, enquanto a penúltima e a antepenúltima perderão 120 e 80, respectivamente. Bom, mas pelo menos todas as outras dezenas de gerações que vieram antes vão recuperar seu investimento, e quem sabe até obter um bom lucro! Sim, é possível, mas lembre-se que a população cresce como uma função exponencial de base 2. Portanto, as três últimas gerações representam, no mínimo, 87,5% da população inteira. Ou seja, a cada 8 associados que entram em um esquema desses, apenas um vai conseguir recuperar o que investiu – os outros 7 se arrependerão amargamente de terem entrado naquele barco. Assumi nesse exemplo que 14 bônus são necessários para cobrir a taxa de inscrição porque na empresa que me foi apresentada essa era a realidade, embora com outras quantias. Mas existe outro esquema de pirâmide no Brasil, muito grande, que a proporção entre a taxa de inscrição e os bônus é maior que 30:1. Com essa proporção, no mínimo 93,75% dos que entrarem sairão no prejuízo.

Portanto, não se iluda: é possível lucrar em esquemas de pirâmide? Sim, é possível ganhar bastante dinheiro, razão pela qual eles têm se tornado cada vez mais comuns. Mas para que você lucre, muitos outros associados terão um baita prejuízo – um só ganha se o outro perder. Muitas pessoas sabem disso e mesmo assim entram em esquemas desse tipo. Infelizmente, eu não tenho como convencê-las do contrário, mas espero que o artigo sirva para que indivíduos com boas intenções, mas desavisados, não entrem nesse esquemas, como já entraram diversos conhecidos meus.

Post com colaboração de Otávio Oliveira que é graduando em Administração de Empresas pela EAESP e Consultor da CJE-FGV.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Mundo Econômico - 18 de março

Por Samy
18/03/13 00:00

Panorama Mundo

As bolsas mundiais andaram de lado na semana. Com dados mistos e sem muitas novidades, os investidores não tiveram o ânimo necessário para maiores rendimentos nos mercados acionários.

Nos EUA, a inflação de 0,7% em fevereiro veio acima das expectativas, mas os dados da indústria do país surpreenderam positivamente. A produção industrial do país, por exemplo, cresceu 0,7% em fevereiro. A expectativa era de 0,4%.

Entretanto, a confiança do consumidor americano caiu. O Michigan Sentiment (índice de confiança) de março ficou em 71,8 pontos, abaixo dos 77,6 em fevereiro.

Na Europa, as autoridades europeias iniciaram uma reunião em Bruxelas para discutir formas de reativar o crescimento e aumentar o emprego no continente. Há pressão de Espanha, Itália e França, que pedem um afrouxamento das medidas de austeridade.

Na sexta-feira à noite, após o fechamento dos mercados, a região aprovou a extensão do prazo de pagamento de empréstimos feitos a Portugal e Irlanda. Assim, a confiança nos países deve aumentar e seus custos da dívida diminuírem.

Panorama Brasil

Na semana passada, o Ibovespa apresentou queda semanal de 2,67%, puxada pelo rendimento ruim da OGX.

Além disso, vários analistas começaram a reduzir suas expectativas para o rendimento da bolsa brasileira em 2013. O Morgan Stanley, por exemplo, baixou sua projeção para o Ibovespa no fim do ano de 72,1 mil pontos para 60 mil pontos.

Ademais, a Fitch reduziu a perspectiva de crescimento do PIB brasileiro em 2013 de 3,7% para 3%.

Apesar disso, notícias boas surgiram no país. O IBC-Br* teve alta de 1,29% na passagem de dezembro para janeiro. O dado foi maior que o esperado pelo mercado.

Em relação à inflação, o IPC-Fipe desacelerou para 0,06% na primeira quadrissemana de março, ante alta de 0,22% na última semana de fevereiro. No entanto, o IPC-S acelerou para 0,52% na primeira semana de março, ante 0,33% na última semana de fevereiro.

Diante do cenário inflacionário brasileiro, a ata do Copom, divulgada na quinta-feira, admitiu que há “uma eventual acomodação da inflação em patamar mais elevado”.

A autoridade monetária brasileira se mostra preocupada com a inflação, mas o mercado ainda não conseguiu ter certeza de quais serão os passos que o BC dará para combater o problema.

Quanto ao dólar, a moeda teve um movimento totalmente inverso ao da semana anterior, saindo de R$1,947 na sexta-feira dia 08/03 para R$1,981 no fechamento da semana passada.

A banda informal do BACEN de R$1,95 – R$2,00 foi reforçada quando a ata do Copom afirmou que a moderação em variáveis como o câmbio será importante para a desinflação.

Expectativas da Semana

Nessa semana, a atenções serão direcionadas aos Estados Unidos. O Senado do país votará o orçamento para 2014 e ocorrerá uma reunião do FOMC*.

Os investidores estão receosos que a autoridade monetária norte-americana retire os estímulos à economia como forma de impedir especulação financeira excessiva.

Além disso, pode haver decisões importantes na Europa já que novos encontros dos líderes da região ocorrerão.

Com isso, a semana pode ser de volatilidade sem tendência definida. Deve ocorrer uma alta inicial nas bolsas europeias por conta da extensão do prazo de pagamento de empréstimos feitos a Portugal e Irlanda.

No Brasil, o destaque continua sendo a inflação. Serão divulgados o IPC-S, o IGP-M e o IPCA-15. O movimento dos juros dependerá basicamente do resultado desses índices.

Enquanto isso, o Ibovespa continuará lutando para conseguir retornos positivos e o dólar deve permanecer no patamar entre R$1,95 e R$2,00, com uma tendência de leve desvalorização.

*Dicionário Economês-Português

IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) – Índice calculado pelo Banco Central que tem como objetivo tentar prever o desempenho futuro da economia brasileira.

FOMC – O “Federal Open Marketing Committee” é o equivalente norte-mericano do Copom Brasileiro. O FOMC é o comitê que decide a política monetária do país do Tio Sam periodicamente.

Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

O porquê do "Pibinho"

Por Samy
16/03/13 07:00

O PIB Brasileiro cresceu apenas 0,9% em 2012. Praticamente todos veículos lamentaram ou criticaram o resultado, disseram que o crescimento foi pequeno. Mas o que isso significa?

Comecemos pelo básico: PIB significa Produto Interno Bruto e é a medida de todos os bens e serviços finais que foram produzidos em um país ou região durante certo período de tempo.

Ou seja, o PIB é, consequentemente, a principal medida de riqueza de um país, afinal quanto mais um país produz mais ele pode consumir.

Existem várias formas de medir o PIB, uma delas é pela ótica da produção. Por esse meio, o IBGE procura medir o valor da produção de vários setores e somá-los.

Se pensarmos que tudo que é produzido deve ser consumido, podemos medir o PIB pela ótica da demanda também.

Diante disso, o IBGE mede o consumo das famílias e do governo e depois os ajusta para as importações e exportações. Após isso, adiciona o que chamamos de formação bruta de capital fixo que explicaremos mais adiante.

Então, se o PIB cresceu 0,9% em 2012, a produção brasileira também cresceu e o país está consumindo mais que 2011, não? Sim! A produção realmente cresceu, mas países em desenvolvimento, como o Brasil, tendem a ter taxas de crescimento superiores a 3% ao ano. Crescer somente 0,9% é ruim.

E por que foi tão ruim? Se analisarmos a tabela do IBGE  a seguir, podemos ver que, em 2012, o único setor que cresceu foi o de serviços (1,7%).  O setor de agropecuário sofreu com os preços de commodities e encolheu 2,3%. A indústria também deixou a desejar com sua produção caindo 0,8%.

O setor de serviços impulsionou o PIB, mas não podemos dizer que agricultores, pecuaristas ou indústrias foram os responsáveis pelo problema. O baixo crescimento foi generalizado.

Se pensarmos pelo lado da demanda, podemos ver que a despesa de consumo das famílias e do governo aumentaram 3,1% e 3,2%, respectivamente. As exportações também aumentaram em 0,5%. A importação, que é subtraída do total, aumentou 0,2%, contribuindo negativamente para o PIB. Por fim, a formação bruta de capital fixo (FBKF) caiu 4,0%.

Então, se continuamos consumindo e exportando, o vilão da história foi essa tal de FBKF. E o que seria isso?

A formação bruta de capital fixo é equivalente a todo o investimento feito em bens de capital. Esses são bens que são utilizados para produzir outros bens, como máquinas e equipamentos. Logo, mesmo consumindo, o Brasil deixou de investir. No fim, o verdadeiro vilão foi a falta de confiança dos investidores.

E o que podemos concluir de tudo isso? Podemos dizer que nem tudo está ruim. O brasileiro consome mais e a demanda interna continua aquecida.

Se isso continuar assim, as empresas devem chegar à conclusão de que sempre haverá consumo para seus produtos e, consequentemente, lucro. Assim, o investimento volta a ocorrer no país.

Resta-nos torcer para que isso ocorra antes que a falta de investimento diminua a renda da população e, portanto, reduza o consumo e o crescimento do PIB.

Post em Parceria com João Lídio Bisneto, graduando em Economia pela FGV-EESP e Presidente da Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Saiba como o título pós-fixado NTN-B funciona, parte 1

Por Samy
15/03/13 07:00

Este artigo abordará o último título da série “Em Busca do Tesouro Direto”, as Notas do Tesouro Nacional, série B ou, simplesmente, NTN-B.

Assim como vem sendo feito, devido a complexidade do título, será feita uma divisão em partes, ou seja, cada parte tratará de um tema a respeito da NTN-B: introdução, disponibilização da calculadora NTN-B, metodologia de cálculo, venda antecipada e simulação de cenário.

Vale lembrar que os artigos seguirão uma sequência linear. Portanto, caso tenha dúvidas nas partes posteriores, basta voltar e ler as anteriores.

Introdução

A NTN-B é um título pós-fixado com rentabilidade vinculada à variação do IPCA (Índice de Pesquisa ao Consumidor Amplo) divulgado e elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A data base do Valor Nominal é dia 15/07/2000. Nesta data, o Valor Nominal era de R$ 1.000,00. Vale lembrar que este  valor nominal, assim como na NTN-B Principal, possui atualização pelo IPCA no dia 15 de cada mês. Os próximos textos abordarão melhor este assunto.

A NTN-B possui cupons semestrais e um pagamento final (Valor Nominal Atualizado). As NTN-Bs emitidas pagam uma taxa de juros de 6% ao ano (aproximadamente 2,96% ao semestre) além da variação do IPCA. No entanto, vale lembrar que a taxa efetivamente recebida depende das condições de compra e venda. Pra ilustrar, as NTN-Bs remuneram, atualmente, perto de 3,5% a.a. acima do IPCA . Esta questão será discutida nos próximos textos.

As datas para o pagamento dos cupons e valor final sempre são programados para os dias 15/02 e 15/08. Caso a data de algum pagamento (cupom ou valor final) caia em um feriado, o pagamento é feito no dia útil seguinte.

A taxa de compra que o investidor encontra ao comprar um título de NTN-B representa, financeiramente, a TIR (Taxa Interna de Retorno) .

Os fluxos intermediários (cupons) são porcentagens do Valor Nominal Atualizado, que por sua vez, variam de acordo com o IPCA. Dessa forma, apenas os valores reais (sem contar os ajustes pela inflação) são conhecidos.

Diante disso, a TIR encontrada deve ser vista como taxa real. Novamente: se a TIR de compra é 3,5% isso significa que o investidor ganhará 3,5% acima da variação IPCA. Perceba que este juro real já está desconsiderando a inflação no momento, ou seja, é o aumento do poder de compra efetivo.

Caso o IPCA auferido no período seja de 5% e a taxa de compra (TIR) de 3,5%, o juro nominal vale aproximadamente 8,68% (1,05 x 1,035 – 1 ).

Já o fluxo de caixa da NTN-B pode ser expresso da seguinte forma:

O Total Investido indica a quantia que o investidor efetivamente utilizou ao comprar o título de NTN-B. As setas intermediárias representam o recebimento dos cupons semestrais de juros (juros reais atualizados pelo IPCA). Já a última seta ilustra – na data de vencimento – o valor final, ou seja, o investidor recebe o valor nominal atualizado somado ao pagamento do cupom.

Além do mais, assim como em todos os outros títulos públicos, há a incidência de impostos. Para entender melhor, acesse este artigo. Nele o leitor tem acesso a todas informações sobre as taxas incidentes sobre os títulos.

Títulos Disponíveis

Hoje, as seguintes séries de NTN-B estão disponíveis:

  • NTN-B 150820 título que vence em 15 de agosto de 2020.
  • NTN-B 150535 título que vence em 15 de maio de 2035.
  • NTN-B 150850 título que vence em 15 de agosto de 2050.

Caso tenha alguma dificuldade nas terminologias, leia o primeiro artigo da série.

A parte 2 da NTN-B abordará as metodologias de cálculo e formação de preço do título. Para isto, será utilizado dados reais sobre o título para que simulações e cálculos possam se basear. Será divulgado, também, a calculadora NTN-B para que o leitor possa realizar suas próprias simulações.

Artigo em parceria com Miguel Longuini, graduando em Administração de Empresas pela FGV-EAESP e Diretor Administrativo/Financeiro da CJE-FGV.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Preço do Ovo de Páscoa custa mais de três vezes que a mesma quantidade em barra

Por Samy
13/03/13 07:00

Celebrada, nesse ano, no próximo dia 31, a Páscoa é uma festa cristã, mas cujo significado remonta do hebraico, em que representa a passagem da escravidão para a liberdade.

Um de seus maiores símbolos é, naturalmente, o ovo de Páscoa, que deveria marcar o significado da vida, mas que, hoje em dia, atende muito mais a uma lógica comercial do que religiosa .

Impossível não pensar em Páscoa sem lembrar dos túneis de ovos nos supermercados, com vários tipos de chocolate, embalagens, surpresinhas…

No entanto, o consumidor deve ter cuidado para evitar cair em armadilhas, entusiasmado pelo clima da época.

Muitos ovos das marcas de chocolate brasileiras mais populares oferecem o chocolate a um preço por grama muito maior que o do bombom convencional. Por exemplo, o Ovo do  Sonho de Valsa com 350 gramas custa R$ 29,99 e seu bombom ,com 20 gramas, custa R$ 0,59. O ovo deveria ter o preço de 18 bombons (360 gramas) e não 51 (1,2 quilos).

Pode-se dizer que, em média, o preço do Ovo é 3 vezes maior do que a quantidade do chocolate equivalente.

Por meio de uma  uma simples pesquisa na internet, pode-se encontrar uma variedade imensa de preços mesmo entre as marcas mais famosas, a variação varia R$65 até R$299 por quilo de chocolate.

Mas o que explicaria essa discrepância do preço em relação à quantidade? Quando se faz um ovo de chocolate, agrega-se valor a ele, pois o formato fica mais convidativo, a embalagem mais atraente e além disso, o produto ganha certo aspecto de exclusividade, pois só está disponível em uma única época do ano.

Para você que não está disposto a arcar com esse valor agregado, vale pesquisar bastante em busca dos melhores descontos, recorrer ao ovo caseiro ou ainda esperar alguns dias após o domingo de Páscoa para presentear a família, quando os preços se reduzem drasticamente.

Post em Parceria com Giovana Carvalho, graduanda em Economia pela FGV-EESP.

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Todo Amador Confunde Preço e Valor

Por Samy
12/03/13 07:00

O  livro “Todo amador confunde preço e valor” ( Editora Virgilae) do jornalista, escritor e professor Peruano Álvaro Vargas Llosa propicia interessantes ensinamentos aos iniciantes e iniciados no mercado financeiro

Vargas narra uma série de boas histórias sobre grandes investidores e seus métodos para lucrarem alto no mercado de ações.

Para tanto, o autor lança mão de uma narrativa quase biográfica de vida de grandes investidores como Peter Linch, Ben Graham e Warren Buffett.

De forma geral, o livro aborda a  visão fundamentalista de finança. Dessa forma, para encontrar o preço de uma ação, o investidor busca a projeção de fluxos futuros.

Os leitores podem ser guiados em uma aprazível leitura pelos principais indicadores e métodos da análise fundamentalista, sempre focando no valor que a empresa pode gerar no longo prazo.

Post em Parceria com Victor Candido, graduando em Economia pela UFV-MG (Universidade Federal de Viçosa) .

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
Posts anteriores
Posts seguintes
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog

Buscar

Busca

Categorias

  • Caro Dinheiro Impresso
  • Economicamente Viável
  • Em busca do Tesouro Direto
  • Faz sentido isso???
  • Instrumentos Financeiros
  • Mundo Econômico
  • Perfil Econômico
  • Recent posts Caro Dinheiro
  1. 1

    Estamos de mudança

  2. 2

    Mundo Econômico - 18 de Agosto

  3. 3

    Inteligência financeira em família

  4. 4

    Por que os juros são tão altos no Brasil?

  5. 5

    Vantagens e desvantagens das compras coletivas

SEE PREVIOUS POSTS

Categorias

  • Caro Dinheiro Impresso
  • Economicamente Viável
  • Em busca do Tesouro Direto
  • Faz sentido isso???
  • Instrumentos Financeiros
  • Mundo Econômico
  • Perfil Econômico
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).